Bebês começam a desenvolver linguagem ainda no útero
Novo estudo mostra que, pouco antes de nascer, o cérebro já diferencia o idioma falado pela mãe de outras línguas.
A voz da mãe acalma o bebê enquanto ele está na barriga e os sons internos ajudam no desenvolvimento da audição, mas não só isso. Cientistas acabam de descobrir que a própria linguagem começa a ser construída ainda na gestação.
O grupo da Universidade de Kansas, nos Estados Unidos, usou métodos não invasivos para avaliar como 24 bebês a um mês do parto reagiam quando uma pessoa desconhecida falava com eles em inglês – o idioma nativo das mães – e em japonês.
O resultado foi que o batimento cardíaco dos bebês aumentou ao ouvir a língua com a qual não estavam acostumados, mas seguiu o mesmo enquanto eles escutavam o inglês. Essa sensibilidade se deve às mudanças de ritmo e entonação entre os idiomas.
“A duração e sequência dos sons são diferentes em cada língua e o estudo mostrou que o bebê sente essas variações e que já começa a se familiarizar com os sons que mais tarde construirão a fala naquele idioma”, comenta Júlia de Sá, fonoaudióloga do Hospital Anchieta, em Brasília.
Para os autores, é como se o bebê estivesse afinando os ouvidos para o que escutará – e depois falará – durante a vida. É a primeira vez que essa espécie de pedra fundamental no desenvolvimento da linguagem é descrita e, de certa maneira, confirma que quanto mais cedo começam os estímulos verbais, melhor.
Para desenvolver a linguagem
“Já na gravidez a mãe deve conversar com o bebê e depois que ele nasce deve continuar falando, contando histórias…”, ensina Júlia. Até o tatibitate, o jeito infantilizado que os adultos usam para falar com os pequenos, tem seu valor.
“É importante facilitar esse início, até que a criança forme as primeiras palavras, mas a infantilização não pode permanecer ao longo do desenvolvimento”, comenta a especialista.
Além da língua materna, também faz bem escutar outro idioma logo nos primeiros meses de vida. “Quanto mais cedo a criança é exposta, mais vai aprender, pois nesse período ocorre a maturação cerebral e ela terá capacidade maior de absorver elementos únicos de cada língua, como o ritmo”, completa Júlia.