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Estes sinais de baixa autoestima infantil precisam de atenção dos pais

Os reflexos do problema não cuidado aparecem principalmente na adolescência, com jovens em busca de identificação e validação a qualquer custo.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 28 jan 2021, 11h04 - Publicado em 22 dez 2020, 17h36
Folha em branco com rosto triste chorando desenhado. Há vários lápis de diferentes cores em volta do papel e duas mãos infantis e de pele branca sobre a mesa. Uma das mãos segura um lápis como se estivesse desenhando.
 (Evgeniia Siiankovskaia/Getty Images)
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Coragem, resiliência, autenticidade… Essas são apenas algumas das qualidades que desejamos para os nossos filhos a fim de que, com a conclusão do desenvolvimento infantil, eles se tornem adultos capazes de escutarem as próprias vontade, buscarem os seus sonhos e, principalmente, serem mais gentis consigo. Só que para que isso seja realidade é preciso que os pais estejam atentos a como a autoestima da criança está sendo construída.

Como explica a educadora parental Telma Abrahão, autora do best-seller “Pais que Evoluem”, a autoestima infantil está relacionada com a imagem que a criança tem sobre si, construída a partir de aspectos tanto físicos quanto psicológicos. E, mesmo quando falamos de crianças pequenas, essa concepção a respeito de si já pode se demonstrar negativa, tendo reflexos na vida adulta. Com essa consciência, é importante estar atento aos diferentes sinais que o pequeno pode apresentar e as circunstâncias que estão fazendo com que eles aconteçam.

As manifestações são diferentes em cada idade

Para as crianças de até um ano e meio, o psicólogo e pedagogo Deiver de Lima Greboggy, consultor educacional da Escola da Inteligência, pontua que é difícil identificar reações que sejam objetivamente problemas de autoestima infantil.

“São praticamente inexistentes ou muito ‘sutis’, visto que elas usam do choro para se expressarem, ainda estão desenvolvendo consciência sobre seu corpo e uma construção sobre si mesmas, que é de responsabilidade dos pais e familiares a partir dos cuidados emocionais como carinho, amor e afeto, e dos físicos, como alimentação e higiene”, esclarece o especialista.

Já com a chegada dos anos seguintes, Telma orienta os pais a prestarem atenção especialmente para desafios comportamentais, como o choro presente em situações que a criança se sente frustrada. Ou ainda quando ela sempre recusa ou tem medo de brincar com seus pares.

Com o início da fala, na primeira infância, o pequeno pode verbalizar a baixa autoestima de diferentes formas para os adultos. Ele pode começar com frases básicas como “eu não consigo fazer isso” e ir até as mais complexas como “meu amigo não gosta de mim”. Neste momento, é importante que os pais abram espaço para o diálogo, perguntando em tom calmo os motivos que o levaram a dizer aquilo.

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“Essa percepção do dia a dia faz toda a diferença, já que ao nos conectarmos com nossos filhos, começamos a validar o que eles sentem. E, assim, começa a se abrir um canal poderoso de comunicação para ir refazendo todas essas crenças de ‘quem eu sou’, ‘quão capaz eu sou’, e ‘quanto confio em mim?'”, detalha Telma.

Deiver também lembra que a expressão verbal pode não ser o caminho escolhido por todas as crianças, mesmo que elas saibam percorrê-lo. E, por isso, os problemas emocionais, como a baixa autoestima, podem acabar tornando-se físicos por meio da somatização, como acontece com algumas alergias de fundo emocional.

E por que isso acontece?

Junto com a atenção voltada para os sinais que as crianças podem demonstrar, é preciso que os pais analisem como tem sido a convivência com o filho. Como explica o especialista, esse primeiro passo é necessário porque os menores aprendem por observação.

“Isso se dá através dos neurônios espelho ou aprendizagem por modelação. Portanto, o comportamento que você reproduz na frente da criança, a partir do seu próprio autoconceito, desde muito cedo está sendo observado e, mais a frente, poderá ser reproduzido ou não por ela”, relata Deiver.

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Além da repetição das atitudes dos pais, a baixa autoestima também está relacionada com a maneira que a criança está sendo ensinada a lidar com situações que estão ligadas com a percepção de seus próprios valores. Telma explica que duas circunstâncias são as que mais se destacam: quando os pequenos são criados por pais superprotetores ou pelos que são extremamente rígidos.

No caso da preocupação que vai além do necessário, a criança acaba impedida de trabalhar a própria autonomia, a fim de entender desde suas preferências até os seus limites. Além de se sentir incapaz, já que a mensagem oculta passada para o filho é que, assim como os pais não podem confiar nele, ele também não pode acreditar em si.

“Já quando os pais são extremamente controladores e autoritários, eles consideram apenas o que sentem e pensam, desconsiderando a criança. Dessa forma, acabam apenas dando ordem e punindo diante de erros, o que faz com o filho fique inseguro, com medo de tentar e falhar”, detalha a educadora parental.

As consequências do problema no futuro

Entre as diferentes fases da vida, a baixa autoestima infantil que não foi olhada com atenção tende a ter reflexos profundos principalmente na adolescência, já que é um período em que jovens buscam por identificação e validação.

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Por um lado, Telma explica que eles podem acabar entrando em grupos complicados, consumindo bebidas alcoólicas e drogas para serem aceitos. “Ele acaba não respeitando as próprias vontades, emoções, e a opinião do que o outro acha dele é mais importante do que a sua”, completa a especialista.

Já por outro, Deiver explica que o comportamento pode ser de autoboicote. “A pessoa acaba criando sabotadores, estratégias e mecanismos de defesa que a impede de se expor a qualquer situação desconfortável que envolva ou mexa com a sua autoimagem e autoconceito, por exemplo, falar em público, expor suas ideias, e tomar decisões”, esclarece.

O psicólogo ainda cita a ocorrência de transtornos psicológicos desenvolvidos por causa da autoestima baixa, como depressão e ansiedade.

O que fazer para trabalhar a autoestima infantil?

Ao perceber os sinais de que a autoestima do pequeno está fragilizada, práticas do dia a dia podem auxiliar a família a encontrar um novo ritmo de convivência, dedicado a fazer com que o filho sinta-se confiante em arriscar por saber que está amparado por pais amorosos. Veja algumas das orientações de Deiver:

  • Respeite os desejos e aspirações do seu filho(a): perceba que não é sair realizando tudo que ele quer, mas ouvir o que tem a dizer e respeitar seu espaço como ser humano;
  • Valorize os esforços da criança: ainda que ela faça algo de um jeito diferente do que você estava esperando, demonstre alegria e pratique o elogio com a tentativa, pois “palavras de afirmação” são uma das principais linguagens do amor;
  • Crie situações em que o pequeno possa fazer suas próprias escolhas: só assim ele poderá criar autonomia e senso de pertencimento;
  • Evite comparações desnecessárias entre irmãos ou demais crianças: ela precisa entender que as pessoas são diferentes, com suas limitações, mas não melhores ou piores que as outras;
  • Incentive a criança a realizar novas atividades: aumentar o leque de brincadeiras é indicado, já que, diante do novo, a criança regula suas frustrações, realizações e exercita suas emoções. Em alguns casos, é preciso intermediação dos pais para que o pequeno não se prenda a uma crença de fracasso e nem de extrema vulnerabilidade;
  • Ajude o seu filho a criar um repertório para entender os próprios sentimentos: para isso, direcione-o para que consiga identificar seus pensamentos e emoções, incentivando uma cultura em que ele possa falar abertamente como se sente, principalmente no âmbito familiar.
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