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Menstruação em recém-nascida pode ser normal. Entenda!

Embora seja assustador para os pais, o pequeno sangramento vaginal não representa danos à saúde. Veja a explicação de uma especialista

Por Da Redação
3 fev 2023, 15h24
bebe deitado com mão de uma mulher fechando a fralda que a criança usa
 (golubovy/Getty Images)
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A alta da maternidade é um dos momentos mais esperados pelos pais. Ao mesmo tempo, é também bastante assustador. Por mais preparada que a família esteja, bate uma certa insegurança ao ver que, a partir dali, será preciso assumir integralmente os cuidados com aquele pequeno ser, que parece tão frágil, indefeso, dependente. Imagine então o susto de uma mãe, na troca da madrugada, em casa, ao se deparar com sangue na fralda de sua recém-nascida, de apenas três dias.

Foi o que aconteceu com a consultora de marketing Andressa Roxanne, de Petrolina (BA). “Como tinha cocô, achei que poderia ser do intestino. Quando fui limpar a Amora, percebi que o sangue descia da vagina. Já íamos ao hospital, mas aí, o desespero ficou maior”, lembra.

Embora a preocupação seja enorme diante da cena, o que aconteceu com a bebê de Andressa não é algo que necessariamente representa um problema. O susto é compreensível, já que muitos pais nunca ouviram falar sobre assunto, que é pouco difundido. No entanto, recém-nascidos do sexo feminino podem ter uma menstruação nos primeiros dias de vida – e isso é normal, embora não seja comum. “O sangramento visível ocorre em cerca de 1% dos bebês, mas o microscópico (não visível a olho nu) pode chegar a 10% dos bebês do sexo feminino”, explica a ginecologista Liliane Diefenthaeler Herter, membro da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Infanto-Puberal da Federação Brasileira de Obstetrícia e Ginecologia (Febrasgo).

Segundo a especialista, o sangramento menstrual em bebês é resultado de uma descamação do endométrio (tecido que reveste o interior da cavidade uterina), por conta da queda dos hormônios sexuais no sangue. “É o mesmo processo que ocorre quando uma mulher ovula e não engravida ou quando faz a pausa da pílula”, conta a especialista. “Quando a menina nasce, é removida a placenta e, portanto, há queda nos hormônios dela. Então, o endométrio descama e causa um sangramento menstrual”, acrescenta.

E esse não é o único sinal que a bebê pode apresentar devido à presença dos hormônios, como o estrogênio, presentes na placenta. É possível ainda que tenha broto mamário (uma discreta elevação da mama), vulva edemaciada (inchada) e corrimento hormonal. “Chamamos esse momento, do qual o sangramento genital faz parte, de minipuberdade”, afirma Liliane.

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A menstruação, quando acontece, surge na primeira semana de nascimento e não deve durar mais do que sete dias. “Se o sangramento ocorrer na primeira semana de vida, a quantidade não for exagerada e o exame físico da genitália for normal, ele, em 99% das vezes, decorre da minipuberdade e tem causa fisiológica”, diz a médica. Portanto, não deve ser motivo de preocupação. Não custa, no entanto, mencionar o fato para o pediatra, para que ele fique ciente.

Há consequências no futuro?

Será que pode haver complicações em função disso, como uma puberdade precoce mais adiante? “Não há relação sabida entre a menstruação da recém-nascida e puberdade precoce, mas há relatos na literatura relacionando esse sangramento genital da recém-nascida com endometriose na adolescência”, afirma Liliane. Recomenda-se, portanto, que a família fique atenta.

Quando o sangramento é motivo de preocupação

Ao contrário da menstruação fisiológica, que faz parte da minipuberdade, caso o sangramento apareça depois da primeira semana de vida e dure mais do que uma semana, é importante investigar o sintoma, que talvez tenha outra origem.

“O sangramento genital do bebê pode ser por uma lesão orgânica, como um pólipo vaginal, um tumor vaginal, puberdade precoce, violência sexual ou infecção genital, entre outras causas”, exemplifica a ginecologista. ”Assim, todo sangramento após sete dias do nascimento, todo sangramento aumentado ou todo sangramento na presença de alteração no exame físico deve ser sempre avaliado”, orienta.

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de um lado, a imagem de uma bebê com a mão na orelha. De outro, uma melhor com a mesma bebê no colo fundo e um homem sorrindo à frente
A família de Andressa (Fotos/Arquivo Pessoal)

Alerta importante

Quando Andressa correu com a pequena Amora para a emergência, a profissional que a atendeu explicou que o sangramento era decorrente dos hormônios da placenta, mas solicitou vários exames, que assustaram ainda mais os pais. “No outro dia, marcamos uma consulta com outro médico, bem renomado em nossa cidade. Chegando lá, quando contamos que ela ainda estava sangrando, ele já abriu um sorriso e falou: ‘Aí, vocês ficaram desesperados, hein’! Ele nos acalmou, explicou tudo e disse que durava de três a cinco dias. No terceiro dia, já não tinha quase mais nada”, relata a mãe.

Relembrando a situação que viveu há pouco mais de um ano, o alerta da consultora de marketing para outros pais é de que, primeiro, se informem sobre o assunto para não se desesperarem. “É difícil, mas é importante manter a calma e esperar passar. Vai passar, como tantas outras situações que vivemos com a chegada de um bebê”, aconselha.

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Além disso, ela recomenda que, na dúvida, as famílias busquem orientação de médicos especializados e, se necessário, procurem segundas e até terceiras opiniões. “Não leve seu filho a qualquer médico. Não somos só nós que não estamos preparados para determinadas situações. Se acontecer, vá em quem tem experiência reconhecida em pediatria”, completa.

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