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A importância de fazer as refeições em família

A vida é corrida e os minutos, hoje, parecem voar. Mas parar uma vez por dia para comer e bater papo com os filhos ainda é uma delícia!

Por Carla Leonardi (colaboradora)
13 fev 2017, 16h42
 (monkeybusinessimages/Thinkstock/Getty Images)
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Lembra quando você era criança e parava tudo o que estava fazendo assim que a sua mãe chamava para arrumar a mesa do jantar? Ou então a velha regra de esperar todo mundo terminar o prato para poder se levantar – não sem antes comer pelo menos um verdinho, contar o que você fez na escola e saber como foi o dia dos seus pais? Se pensar nisso traz certa nostalgia, talvez seja o caso de parar para analisar porque temos deixado esse hábito tão de lado na rotina familiar.

“Hoje é cada vez mais difícil acontecer o momento de refeição em família e são diversos fatores que contribuem para essa mudança. O fato de a maioria das mães trabalhar fora é um deles. Outro fator é que as crianças estão assumindo muitas atividades, várias delas com uma rotina corrida como a de um adulto. Por último, com o aumento do uso da tecnologia, não deixamos mais o trabalho quando o horário de expediente acaba”, observa Taís Bento, pedagoga pela Universidade de São Paulo (USP), especialista em Aprendizagem Baseada no Funcionamento do Cérebro e Aprendizagem Cooperativa pela Universidade de Minnesota e pela Universidade de San Diego, e co-fundadora do canal Socorro, meu filho não estuda e do projeto SOS nos Estudos.

Os tempos são outros, é verdade. Ser mãe em tempo integral deixou de ser realidade para muitas mulheres, que passaram a trabalhar fora e ainda precisam dar conta do dia a dia da casa, cujas tarefas nem sempre são compartilhadas com o marido. E as crianças estão cada vez mais ocupadas: é escola, inglês, natação, balé, futebol… As 24 horas já não são mais suficientes e parar por alguns minutos para sentar, comer e conversar às vezes parece que não se encaixa mais nessa vida atribulada que as famílias têm levado.

Ou, talvez, até exista o hábito de todos se sentarem à mesa, mas com as já tradicionais garfadas intercaladas com olhadelas no celular. E já foi a época, também, em que isso era comportamento apenas de adolescente. Estamos todos, pais e filhos – mesmo os mais novos! -, envolvidos nessa corrida contra as horas e mergulhados no mundo virtual.

“Pais e mães chegam em casa, mas continuam trabalhando no celular, respondendo e-mails, resolvendo problemas, enquanto as crianças são atraídas pelo computador ou pela TV. A soma desses fatores torna cada vez maior o desafio de reunir toda a família em algum momento do dia para fazer uma refeição juntos. Ainda assim, quando conseguem, é muito comum ter todos os corpos reunidos na mesa, mas com a mente em outro lugar através dos celulares ou aparelhos de televisão”, alerta a especialista.

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A grande questão é que, quando se deixa esse momento da refeição tranquila passar, perde-se uma oportunidade ótima de aproveitar o tempo em família. A boa notícia é que quase nunca é tarde demais para criar bons hábitos, principalmente se as crianças ainda são pequenas.

Saídas para a vida corrida
Se os pais trabalham o dia todo e almoçam foram de casa, uma boa pedida é tentar manter pelo menos o jantar como um momento para a família. E se não der para fazer isso toda noite, Taís aconselha: “a dica é não ter a consciência pesada, mas focar nas refeições que fazem junto com os filhos. Aproveitar ao máximo esse instante traz benefícios para cada um individualmente e para a família como um todo”.

Para tornar o jantar ainda mais produtivo, vale estabelecer alguns costumes, como não trazer o celular para a mesa, por exemplo. Deixar os aparelhos carregando em outro cômodo é uma ideia interessante para evitar distrações. Já manter a TV ligada, algo tão comum no dia a dia familiar, também não é recomendado, mas em doses moderadas ela não precisa ser tão prejudicial. “Já foi comprovado que quanto mais tempo a TV fica ligada nas casas, menos palavras são trocadas entre os membros da família. Portanto, o melhor é que ela fique desligada. Acreditamos, porém, no equilíbrio: se a família tem televisão na cozinha, a dica é não deixá-la ligada durante todas as refeições. Quando deixar, usá-la como geradora de assuntos, comentando sobre uma notícia ou pedindo a opinião sobre algo”, aconselha Taís.

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Além do tête-à-tête
Mais do que usar esse tempo para conversar com os filhos, esse momento da refeição é essencial para que eles desenvolvam habilidades. É nessa hora que eles vão aprender a se comportar à mesa, a não falar de boca cheia, a mastigar bem antes de engolir e que vão entender quais são aqueles alimentos, como o prato está sendo montado e por que é importante comer isso e não aquilo. Além dessa questão, fazer as refeições com a sua criança é interessante para que ela tenha o exemplo. Nunca é demais lembrar que os pais são os principais modelos dos filhos e que é a partir dessa observação – do que vocês comem e de como se comportam – que eles também definem as suas atitudes.

“Crianças que fazem as refeições em clima leve, com atenção voltada para conversas e descobertas acabam por não ter pressa para mudar de atividade. Se o clima é favorável e passa sensação de segurança, fica mais fácil manter a criança sentada à mesa por mais tempo. Como aprendem muito mais com o que veem os pais fazendo, essa é também uma ótima oportunidade para criar hábitos saudáveis de alimentação”, diz Taís.

Ainda segundo a pedagoga, uma dica para tornar a refeição em família ainda mais divertida e aumentar os benefícios para os baixinhos é envolver os filhos desde a preparação da comida até a organização final do ambiente após a refeição. “Isso ajuda a estreitar os laços entre os membros da casa e também no desenvolvimento de memórias que serão essenciais para o aprendizado formal”, finaliza.

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