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Coronavírus: Meu filho faz aniversário neste mês. E agora?

A festa em casa pode ser uma oportunidade do pequeno ressignificar o aniversário e fortalecer laços com a família (sem deixar de lado a diversão, claro!)

Por Flávia Antunes
Atualizado em 31 mar 2020, 14h19 - Publicado em 28 mar 2020, 10h10
 (FluxFactory/Getty Images)
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A pandemia do coronavírus abalou a rotina de toda a população, no Brasil e no mundo. Trabalho, lazer, educação… As programações tiveram que ser alteradas e a recomendação, por enquanto, é que todos fiquem em casa o máximo possível.

Mas como explicar para o pequeno, que faz aniversário neste mês, que a festinha tão esperada não contará com a presença dos amigos e familiares? Ou que a comemoração, que aconteceria em um buffet ou salão do prédio- com o tema do personagem preferido da criança – terá que ser adiada? O dilema é grande e pode gerar ansiedade tanto nos adultos, que terão que comunicar a notícia, quanto nos filhos.

Pensando nisso, fomos atrás de novas ideias e estratégias que vão desde o primeiro diálogo com os baixinhos até formas de tornar o dia do aniversário especial. Muito jogo de cintura, e vamos lá!

Transparência é a palavra-chave

Quando o aniversário do filho se aproxima – e a recomendação de quarentena continua valendo – o ideal é começar a conversa alguns dias antes. Primeiro, vale contextualizar a situação em que o país está vivendo. O processo pode ser feito de forma lúdica, explicando a contaminação da doença através de vídeos, histórias ou experiências – como a dinâmica da água com orégano representando o vírus (você viu?).

“As crianças precisam saber o que está acontecendo, nós devemos isso a elas. Prezar pela honestidade emocional e transparência e dar espaço para que elas nos façam perguntas é imprescindível. Podemos contar sobre a necessidade de nos cuidarmos, de nos mantermos distantes e que, por essa razão, os amigos não poderão estar presencialmente conosco nesse dia”, sugere a educadora parental, pedagoga e cofundadora da consultoria Filhos no Currículo, Camila Antunes.

Depois do primeiro diálogo, vários sentimentos podem ser desencadeados no pequeno: tristeza, raiva, frustração… O importante, nesta hora, não é repreender ou tentar evitá-los, mas sim investir no acolhimento. “Devemos sempre ter em mente que as emoções chegarão nesse momento e que é preciso aceitar e cuidar do que vier. Ser colo, abraço, afeto e parceiro dos nossos filhos”, complementa a educadora.

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Outra recomendação é evitar uma postura superprotetora nesta situação. “Não temos como proteger os filhos de tudo o que acontece. Como pai e mãe, temos o papel de traduzir o mundo. Porque eles são ótimos observadores, sabem que as coisas estão diferentes, mas precisamos ajudar a interpretarem tudo isso de forma positiva”, afirma a pedagoga.

Camila Cury, psicóloga e presidente da Escola da Inteligência, concorda que sentimentos conflitantes podem vir à tona, e tranquiliza os adultos: “Tudo bem a criança chorar ou se frustrar. Os pais precisam entender que a vida é feita de frustrações, e isso não vai ser um trauma irrecuperável no desenvolvimento dela”.

Como o aniversário também envolve expectativas dos pais, é normal que eles se decepcionem – e, eventualmente, sintam mais o impacto do imprevisto que até mesmo os filhos. Segundo a pedagoga, o momento pode ser usado como uma oportunidade de os adultos reconhecerem e expressarem o que sentem e de se incluírem no diálogo “Um exemplo é dizer: ‘Também gostaria da vovó por perto. Mas o que podemos fazer de diferente?”.

Tornando o dia especial

Passada a etapa da comunicação, é hora de colocar as mãos na massa. “Proponha uma atividade para a família toda para tornar este momento prazeroso, diferente e significativo”, diz a psicóloga. Por exemplo: convide o pequeno para ajudar a preparar o bolo e enrolar os brigadeiros, assistir ao filme que ele mais gosta, fazer a sua brincadeira predileta… A ideia é deixar que a criança planeje como será o dia, destacando suas preferências. “Podemos fazer uma lista de coisas simples e descobrir novos pontos de conexão com os filhos”, propõe a pedagoga.

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Além de brincadeiras, a lista pode conter atividades manuais, como o preparo de alguns itens de decoração para tornar o ambiente mais festivo, mesmo que a festinha seja só pra quem mora na casa. O chapeuzinho de aniversário, por exemplo, é um acessório facilmente elaborado e que as crianças costumam adorar. Para fazer, basta “enrolar” uma cartolina (ou outro material firme, como uma caixa de cereal) em formato de cone, colar com cola bastão e prender um elástico nas extremidades. Se quiser personalizar, desenhe ou experimente imprimir uma imagem do personagem que o pequeno mais gosta e prender no chapéu. Que tal?

A educadora parental também sugere que os pais utilizem a tecnologia a seu favor, marcando, por exemplo, videoconferências com os parentes próximos e colegas da criança. “Peça que mandem mensagens e use aplicativos para conectar a família e os amigos. Assim, todos podem cantar parabéns juntos”, recomenda.

Para animar ainda mais o aniversário do pequeno, algumas empresas infantis estão disponibilizando o seu serviço online. “Tenho visto inclusive recreadores, palhaços, músicos, contadores de histórias que tem oferecido essa festa virtual como forma de manter esse simbolismo.” Além de assistir às lives, que acontecem nos perfis de Instagram, os pais podem contratar os profissionais para entreter a criançada em horário marcado – é possível até conectar os amiguinhos, para que todos acompanhem e se divirtam juntos.

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Gilberto Steinmeyer trabalha como mágico e músico e conta como as performances estão ocorrendo. “Tivemos que adaptar nossos shows reais para virtuais, individuais ou até para grupos – cada um da sua casa conectados através de um aplicativo”, diz ele. O ideal é que os pais entrem em contato com alguma antecedência para que o profissional reserve o horário, explique o funcionamento da ferramenta de vídeo e prepare o cenário lúdico em sua casa.

 

Mais que atividades e decorações festivas, Camila Antunes vê na ocasião uma oportunidade de ressignificar o aniversário e resgatar pequenos gestos. “Na minha opinião, esse momento é um convite para mudarmos nossa maneira de pensar e agir. Precisaremos ressignificar muita coisa e aproveitar para fortalecer os vínculos. Acredito que o dia do aniversário é uma data de comemorar e celebrar a vida e a saúde da criança – e é nisso que teremos que nos apegar”, enfatiza ela.

Se a festa já estava marcada: adiar ou cancelar?

A decisão cabe totalmente à família. Se os planejamentos estavam no início, é mais fácil voltar atrás e investir na festa caseira. Agora, se os pais já haviam contratado (e pago) um buffet infantil ou espaço para eventos, por exemplo, o assunto deve ser tratado diretamente com o lugar. “É uma questão comercial. Vale a pena conversar com o local, com os fornecedores, e verificar se há um prazo de reajuste. Muitos estão dando a opção de reagendar”, afirma a educadora parental.

Em vez de encomendar centenas de unidades de brigadeiros, os adultos podem aproveitar para fortalecer os pequenos produtores – existem diversos comerciantes que serão prejudicados com o fechamento temporário de suas unidades físicas – ou até mesmo para colocar a mão na massa com os baixinhos. Certamente o docinho terá um gosto especial por ter sido feito pela própria criança!

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