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É verdade que bebês podem nascer com dentes?

A condição é chamada de dente natal e a sua causa pode estar associada a fatores genéticos ou da gestação. Saiba como proceder caso aconteça com o pequeno.

Por Flávia Antunes
Atualizado em 27 ago 2020, 19h11 - Publicado em 28 abr 2020, 15h46
 (Juliana Pereira/Bebê.com.br)
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Você já deve ter se deparado com notícias de bebês que nascem com dentes. A mais recente, na quinta-feira (30), anunciou a chegada de um recém-nascido na Inglaterra com esta condição e despertou muitas dúvidas nos leitores. Afinal, é normal a criança chegar ao mundo já com um ou mais dentinhos na boca? Os pais devem se preocupar?

Antes de tudo, vale esclarecer que existem duas ocorrências parecidas, mas que acontecem em momentos diferentes do desenvolvimento. “Chamamos de dente natal quando o bebê nasce com o dentinho na boca. Já quando nasce depois dos primeiros 30 dias do nascimento do bebê, o nome dado é dente neonatal”, esclarece a Dra. Marcia Amar, especialista e mestre em odontopediatra.

Por que acontece?

As causas da condição ainda são incertas, mas existem algumas hipóteses – que vão desde fatores genéticos até da própria gestação. “Às vezes pode estar relacionada com o fator hereditário – isso quer dizer que algumas pessoas da família têm o gene e ele é passado para a criança”, diz a doutora. “Pode também estar associada a mais de dez síndromes e anomalias, ou então ocasionada pela falta de vitamina na gravidez, que chamamos de hipovitaminose”, acrescenta.

Em outros casos, de acordo com a odontopediatra, o bebê pode nascer com o germe dental – estrutura de onde deriva o dente propriamente dito – posicionado bem próximo à gengiva, de maneira superficial. Assim, o dentinho que deveria nascer somente a partir do sexto mês de vida, logo se desenvolve e erupciona. “Neste caso, normalmente, a coroa – parte que fica para fora da gengiva – está sendo formada, mas a raiz ainda não. Assim, além de ser bem frágil, esse dente pode apresentar alteração de cor ou de forma”, explica Marcia.

Ela ainda aponta que, como este dente já nasce com a criança, não houve uma calcificação satisfatória nem a formação da raiz. Como consequência, ele pode apresentar mobilidade e perigo para o baixinho. “Se tiver mexendo muito, há o risco de ser aspirado pelo bebê. Portanto, a recomendação é que seja retirado”, indica.

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Como o caso é relativamente raro, os números da literatura médica ainda não são tão precisos. O que se sabe, por enquanto, é que varia, em média, de uma criança para cada 2000 e que “a maior prevalência de aparecimento deste dente é em meninas, com 70% das ocorrências”, afirma a especialista. “Normalmente, aparece no dente inferior anterior, e costuma ser da série normal, ou seja, os dentes que deveriam nascer no sexto mês, mas acabam nascendo antes”, completa.

Como proceder se o bebê nascer com o dentinho?

O primeiro passo, segundo a doutora, é levar o bebê ao dentista para fazer uma radiografia. “Com o exame, podemos identificar se é um dente a mais – o chamado supranumerário – ou é um dente dele mesmo, da série normal”. Segundo a odontopediatra, se for o último caso, aí a indicação muda: “o melhor é tentar ao máximo manter o dente na boca, desde que esteja bem firme na gengiva e não haja o risco da criança aspirar”, explica.

E por que tentar manter o dentinho? Apesar de nascer novamente no sexto ano de vida, ele desempenha um papel importante no desenvolvimento do pequeno. “Suas funções são de manter o tamanho do arco dentário, de manter o espaço para que nasça o dente permanente, além de ser super importante para a mastigação, para a fonética e para a estética da criança. Afinal, se ele for retirado, só será formado novamente depois da primeira infância”, esclarece Marcia.

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A manutenção do dente, porém, pode causar incômodos para a criança e para a própria mãe. “Ele pode machucar a mãe na hora da amamentação e formar uma úlcera embaixo da língua do bebê, porque raspa no dente na hora de mamar. Como isso gera dor, o bebê terá dificuldade na amamentação, pode comer menos e ter problemas no sistema imunológico”, diz a odontopediatra.

“Portanto, a conduta do dentista será de alisar ou dar um polimento na ponta do dente, para que não machuque a língua do bebê e nem o seio da mãe”, afirma. Além do procedimento clínico, os cuidados em casa com o dentinho devem ser reforçados. “A higiene dental, que seria indicada no sexto mês, começa antes: os pais devem escovar o dente do filho de duas a três vezes por dia para evitar cárie e levar ao dentista para fazer o controle de flúor e demais prevenções”, finaliza ela.

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