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Em livro, mãe fala de perda do filho após o pai esquecer o bebê no carro

Benjamin tinha 15 meses na época. "Meu coração o perdoou", afirma Lindsey Rogers-Seitz em “The Gift of Ben”, lançado recentemente

Por Isabelle Aradzenka
Atualizado em 3 Maio 2023, 17h13 - Publicado em 3 Maio 2023, 17h06

Era 7 de julho de 2014. O programador de software de 36 anos Kyle Seitz, de Ridgefield, Connecticut (Estados Unidos), estava se preparando para começar a rotina. Ele deveria deixar o filho Benjamin, de 15 meses, na creche, antes de passar em uma cafeteria para tomar café e seguir para o trabalho. Às 17h daquela tarde, quando o pai chegou à escola para buscar o pequeno, as funcionárias o informaram que Ben não estava lá. A criança nunca havia chegado à instituição.

Em choque, Kyle vasculhou sala por sala do prédio. Para sua surpresa, no entanto, ao retornar para o carro, descobriu que Benjamin ainda estava preso em sua cadeirinha. O pai havia esquecido de deixar o bebê na creche e Ben ficou no veículo desde manhã, em um dia em que a temperatura atingiu 30°C.

Kyle tentou acordar a criança antes de correr para o hospital, mas ela já estava sem vida ao chegar à unidade de atendimento. A mãe do bebê, Lindsey Rogers-Seitz, de 35 anos, fazia planos para o jantar e enviava mensagens para o marido, que não retornou. “Não era típico dele”, disse a mulher ao The Post.

Lindsey, então, recebeu uma ligação da creche, que a informou que Ben não havia estado lá. “Dirigi até a delegacia e tive um ataque de ansiedade no estacionamento”, relatou ao veículo. Ao chegar no local, perguntou aos policiais se havia algo que ela precisava saber sobre a família e disseram que a levariam até o hospital. Lá, Lindsey ouviu o que mais temia: “ele não sobreviveu”. A mãe lembra do momento doloroso com detalhes no livro The Gift of Ben, lançado recentemente.

Benjamin Rogers-Seitz
Benjamin faleceu aos 15 meses, após passar o dia no carro da família (Arquivo pessoal para o NY Post/Reprodução)
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A investigação do caso

O legista de Connecticut considerou o caso de Benjamin como um homicídio em agosto de 2014. Após quatro meses de investigações, em novembro do mesmo ano, Kyle foi acusado. O pai entrou com um pedido, aceito pelo juiz, que o ajudou a evitar a prisão. “Não posso puni-lo mais do que você já foi punido”, disse o magistrado Kevin Ross.

Lindsey foi inocentada no início da investigação. Mesmo assim, havia a possibilidade de as filhas do casal, Kaylyn e Riley, com 8 e 5 anos na épóca, serem levadas pelo Departamento Estadual de Crianças e Famílias (DFC, na sigla em inglês), que exigiu acesso aos arquivos médicos da genitora.

A mãe sofria com doenças psíquicas, como transtorno bipolar e depressão. “Foram dois traumas – o primeiro, a perda de Ben e o segundo o resultado imediato do DCF”, disse Lindsey. “Assim que descobriram que eu era bipolar, vieram atrás de mim também”, contou.

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A mulher passava pelo luto enquanto as autoridades questionavam seus direitos parentais e o marido aguardava julgamento. “Eu meio que cheguei ao fundo do poço”, disse ao The Post. Na época, os membros da família saíram da cidade de Ridgefield e se mudaram para Colorado Springs, onde decidiram recomeçar a vida, e permaneceram por cinco anos.

O perdão

O perdão de Lindsey para o marido foi publicado em The Gift of Ben. “Foi um instante que permanecerá entre nós por toda a vida”, escreveu no livro. “Foi uma jornada de oito anos. Acho que no momento em que descobri que Ben faleceu, meu coração o perdoou. Mas levou muito tempo para minha mente entender”, disse.

Para Lindsey, muitas pessoas focaram na responsabilidade de Kyle, mas ela também sentia culpa. “Você sempre se pergunta: ‘Eu poderia ter feito algo diferente para salvá-lo?’ E, se assim fosse, Ben teria 10 anos agora”, conta. “Quando vejo os filhos dos meus amigos no Facebook, o que eles estão fazendo, indo para a escola, praticando esportes e outras coisas, é muito difícil”, escreve.

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Quase uma década depois do incidente, aos 44 anos, Lindsey mora com Kyle e as filhas em Morrisville, na Carolina do Norte. Segundo ela, eles finalmente encontraram a paz. “Ainda há rachaduras e resquícios dos quais nunca poderei me livrar. Ainda assim, estar com as meninas me dá alegria. É uma paz que provavelmente não tenho há muito tempo”, desabafa.

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