Linkedin permite que mães e pais coloquem cuidados em casa como trabalho
A empresa criou novas opções de categorias depois de ter sido questionada por não englobar as pessoas responsáveis pelo lar e filhos.
Com o isolamento social por conta da pandemia do novo coronavírus, famílias vivenciaram a dificuldade que é ficar em casa em tempo integral com os filhos – deixando claro o quanto essa tarefa, por mais subestimada e cheia de estigmas que seja, é desgastante e exige apoio.
E se naturalizar e legitimar as tarefas de quem é responsável pelo lar já era importante, isso fica ainda mais urgente quando levamos em conta a quantidade de mães e pais que perderam o emprego nos últimos meses. Para aqueles que pretendiam entrar novamente no mercado de trabalho, não ter como colocar no currículo a função atual podia ser um grande problema na hora da contratação.
Pensando nisso, o Linkedin criou no fim de março nos Estados Unidos a opção de adicionar como cargo o trabalho de cuidador(a) do lar. Aqui no Brasil, é possível utilizar as categorias “dona de casa” ou então “cuidador doméstico”.
A iniciativa aconteceu depois da empresa ter sido questionada pela revista Fortune a respeito de um artigo escrito pela mãe e fundadora de uma startup de educação Heather Bolen, em que ela contou sobre a dificuldade de se promover para os recrutadores com as poucas possibilidades disponíveis na plataforma da rede social.
“Surpreendentemente, não existem opções de preenchimento no Linkedin para identificar licença-maternidade, licença-paternidade, licença-adotante (…) Eu fiquei me sentindo decepcionada e pensado por que ainda é necessário, em 2021, manipular uma plataforma global como o Linkedin para algo tão comum e essencial como a licença-maternidade”, postou Bolen.
“É hora dos empregadores aceitarem que carreiras, às vezes, não são lineares e promoverem políticas aprimoradas para trabalho remoto, horário flexível, e licença familiar paga”, acrescentou ela. Em resposta, Bef Ayenew, diretor de engenharia do Linkedin, disse à Fortune que a mudança era realmente necessária e que mais adequações devem vir pela frente.
“Eu concordo totalmente de que precisamos normalizar os trabalhos que não se encaixam nas opções de emprego do perfil para ajudar a reestruturar as conversas que envolvem a contratação”, afirmou.
Além da ação implementada, a empresa removeu o requisito de que os cargos adicionados no currículo tivessem que ser associados a uma empresa ou trabalhador em específico. Para os próximos meses, a promessa é que promovam mais flexibilidade e linguagem adequada para aqueles que pararam de trabalhar por um período de tempo.
Uma das alterações planejadas, por exemplo, é de criar seções separadas no currículo para essas “lacunas” empregatícias, que poderão ser escolhidas dentre dez tipos de descrições, como “licença-paternidade” e “sabático”.