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Mães revelam quais são as suas habilidades secretas ao criar os filhos

Em um ato de autoamor, 11 mães deixam de lado a culpa costumeira e os julgamentos próprios e exaltam suas qualidades na maternidade.

Por Ketlyn Araujo
Atualizado em 5 jul 2021, 11h35 - Publicado em 2 jul 2021, 17h14
Pequeno enfeite de uma mulher segurando um bebê
 (Sarita Rungsakorn/Raw Pixel)
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São curiosos alguns olhares que recebo quando digo, no alto dos meus 27 anos e 0 filhos, que escrevo para um site especializado em maternidade e parentalidade. Tenho bastante segura dentro de mim a ideia de que não, eu não sou capaz de transmitir por inteiro toda a complexidade da experiência do ser mãe – pelo menos enquanto escolher não ocupar esse lugar no mundo -, mas possibilitar que quem a vive tenha seus questionamentos, histórias e queixas ouvidos e reverberados de maneira pública, sem julgamentos, torna meu trabalho como jornalista um tanto quanto menos complicado. No fim do dia, fazer o exercício de se colocar no lugar do outro e aprender com cada narrativa que se conta é recompensador.

Mas este texto não é sobre mim. Acontece que, entre uma série de matérias já escritas sobre as dificuldades do maternar (que são legítimas e merecem serem discutidas sempre que necessário), despertou aqui uma vontade de colocar o holofote naquilo que, quando se é mulher e mãe, é tão pouco falado. Pause as reclamações sobre parceiros que não ajudam o suficiente em casa, respire fundo e esqueça por alguns minutos o quanto é difícil lidar com a culpa, a sobrecarga materna, a ansiedade da separação, o puerpério, a perda.

A seguir, 11 mulheres que são mães – reais, vale dizer, e não super-heroínas – de diferentes idades, contextos e vivências contam quais são as suas qualidades secretas, como um lembrete vivo e permanente sobre o que faz delas únicas, poderosas e merecedoras de serem celebradas por inteiro.

Kaynara Motta, mãe da Alana, de 8 meses:

“O que me ajuda na relação com a minha filha é a arte de saber balancear expectativas. Quando me frustro, busco lembrar que ela é um ser humano com desejos próprios, e não está aqui para corresponder aos meus. Além disso, ela é meu lembrete de alguém que ainda está descobrindo o mundo, novas sensações que, às vezes, parecem assustadoras. Empodero a mim mesma pensando: EU fui a escolhida para ajudá-la nessa jornada e, com isso, me fortaleço e sou capaz de encher a minha filha de carinho e amor”.

Thayane Ramalho Predolim, mãe do Benício, de 1 ano e 10 meses:

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“A maternidade me revelou alguns ‘poderes’, e a chegada do Benício me fez descobrir uma nova forma de encarar a vida. Sempre fui uma workaholic assumida, quase não dormia de tanto trabalhar, mas aí o Beni chegou e, com ele, senti também uma leveza em mim. Eu não me dividi, na verdade, a maternidade somou à minha vida.

Meu filho nasceu com Laringotraqueomalácia, uma má-formação ou instabilidade da cartilagem que sustenta as vias aéreas centrais e causa crises de respiração. Por conta dessa limitação, eu descobri que o meu maior poder é o meu toque, que o acalma e contribui com a sua cura. Percebi que Beni sente a segurança em nosso contato de pele e olhar: ele serena, mesmo quando está em crise. Meu filho me fez despertar para uma nova vida, criá-lo me fez criar também novas visões mais gentis comigo mesma e com todos. Essa conexão mãe e filho é poderosa demais”.

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Mariana Marques, CEO da AMARQ Consultoria e mãe do Lucas, de 20 anos, e da Luna, de 3 anos de idade:

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“Eu falo que o meu filho de 20 anos foi o grande motivo para que eu pudesse chegar em um cargo de CEO e ter a minha empresa. Fui mãe muito nova, mas eu tinha uma força e uma vontade de querer lutar sempre pelo melhor para ele. Então, eu colocava uma foto do meu filho no carro, nos dias de trabalho, e olhava para ele para ter plena certeza de que o caminho estava certo. Esse poderia parecer um momento um pouco mais difícil, mas tudo que eu fazia era por ele e, por conta disso, sentia uma força interior que me impulsionava. Ter sido mãe cedo foi fundamental para a minha vida profissional e para o meu sucesso.

Atualmente, já que tenho também a minha filha de três anos, muita gente me questiona sobre o tempo e a diferença de idade entre os dois, mas a verdade é que eu amo ser mãe. Poder estar com a minha filha me dá energia, me traz ânimo, me dá prazer e motivação para trabalhar e conquistar. Poder estar mais presente e mais próxima dela, por conta do momento em que vivemos, faz com que toda vez que eu volto para o trabalho eu me sinta mais forte: brincar com ela, mesmo que por 15 minutos, é um tempo precioso para que eu me sinta mais e mais potente”.

Thaissa Alvarenga, fundadora da ONG ‘Nosso Olhar’ e mãe do Chico, da Maria Antônia e da Maria Clara:

“Eu sou mãe de três e, para explicar o que é a maternidade, vou recorrer à natureza e fazer um paralelo com as características dos animais. É como se a mãe virasse uma grande leoa, que olha para qualquer perigo, uma ursa que abraça, uma loba que está sempre à espreita – ser mãe, para mim, é ter várias facetas capazes de ajudar os nossos filhos.

Eu costumo dizer que não há a figura da Mulher-Maravilha na vida de uma mãe de três, o que existe é uma série de situações que transformam a educação dos nossos filhos. Essa imagem da Mulher-Maravilha não existe, a realidade é a de uma mãe que oferece o seu melhor”.

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Camila de Cássia Pagamisse responsável pelo blog ‘Baú de Menino’ e mãe do Gabriel, de 17 anos, do Daniel, de 10, e da Catarina, de 2:

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“Sou mãe de três crianças com idades totalmente diferentes. O Gabriel tem 17 anos está no último ano do Ensino Médio e se preparando para o vestibular. O Daniel tem 10, está no quinto ano do Ensino Fundamental e sentindo as mudanças que o crescimento causa nas suas responsabilidades. Já a caçula é a Catarina, de 2 anos, que ainda está descobrindo o mundo e mostrando o poder da própria personalidade.

Acredito que minha maior qualidade seja saber me adaptar às necessidades de cada um dos meus filhos, porque se normalmente um filho já é diferente do outro, essa diferença fica gritante quando eles estão em fases totalmente distintas da vida. Mesmo que a forma de educar seja a mesma, o escutar, o falar e o agir diferem de criança para criança”.

Silvia Faro, criadora do canal ‘Mãe de Primeira Viagem’ e mãe da Lis, 11 anos:

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“Tenho muita habilidade em ler histórias e livros de uma forma que prende a atenção. Acredito que, por ter formação como atriz e também Letras, modéstia à parte, leio histórias como ninguém!

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Isso me ajuda muito como mãe, em vários aspectos: minha filha não resiste em ir para a cama pois sabe que vai ouvir uma historinha, esse é um momento só nosso, que adoramos e cultivamos. Eu faço isso desde que ela era bem pequena, e muitas vezes até invento o enredo. Conforme ela foi crescendo, percebi que a leitura de maneira direta nos livros também aumentou e, por consequência, ajudou demais no despertar do interesse dela pela literatura”.

Millena Miranda, arquiteta e mãe do Antônio, de 1 ano e 6 meses:

“Por eu ser empresária e ter uma rotina marcada por compromissos fora de casa, incluindo viagens, o meu tempo com o meu filho muitas vezes é escasso. Porém, tive que aprender a transformá-lo em tempo de qualidade, e hoje posso dizer que consigo fazer isso muito bem.

Aprendi a entrar no mundo do Antônio, a dar a ele 100% da minha atenção quando estamos juntos. Percebi que, com isso, a nossa conexão aumentou muito”.

Lara Cardoso, atriz e mãe da Helena, de 12 anos:

“Desde quando ela era bebê eu estimulo a minha filha a conhecer os sabores dos alimentos, participando ativamente de todo o processo. Por exemplo, nós escolhemos os legumes no sacolão, descascamos, lavamos e picamos tudo juntas, e procuramos informações e receitas na internet, em dupla, antes de preparar algum prato novo.

Enfeitamos nossas iguarias e as saboreamos, sempre comentando o que aprendemos sobre determinado alimento. Hoje em dia minha filha está com 12 anos, tem muito apreço pela cozinha e prepara várias receitas sozinha!”.

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Lívia Aragão McCardell, mãe da Laís, de 6 anos:

Meu ‘poder’ é um super abraço que dou na minha filha toda vez que percebo que as coisas vão desandar para uma situação de estresse, seja quando ela não quer fazer algo que eu peço, ou quando fica nervosa.

Dou nela um abraço bem demorado, nos acalmamos, as duas cedem um pouco e conseguimos resolver o problema da melhor maneira possível: de forma amorosa e com muitos beijos!”.

Roberta Castro, relações públicas e mãe do Filippo, de 4 anos:

“Meu segredo é o diálogo olho no olho e a resiliência. Sempre conversei com o Filippo olhando nos olhos dele e na mesma altura, desde bem pequeno. Ele tem Altas Habilidades e, por isso, exige muito de mim do ponto de vista do desenvolvimento educacional. Então, eu faço meus ‘combinados’ com ele e mostro a importância do trabalho da mamãe.

Eu amo o que eu faço, então é a partir disso que, ao mesmo, tempo, faço meu filho entender que é por meio do meu trabalho que ganhamos ‘moedas’ para comprarmos comida, livros e roupas, por exemplo. Maturidade é algo que pode ser aprendido desde a infância, o que muda é a maneira de comunicar esse aprendizado aos pequenos”.

Kelly Bessa, jornalista e mãe da Débora, de 2 anos e 11 meses:

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“Nós moramos em Belo Horizonte, longe do restante da família. No momento meu marido trabalha de casa, em home office, e eu fico integralmente dedicada à Débora. Eu sou a personagem que a minha filha quiser que eu seja, e acredito que isso é minha qualidade secreta que faz da Débora uma menina fascinada por livros.

Dou vida aos personagens das histórias com dublagens e encenações, para que ela tenha, realmente, uma aproximação com cada historinha que ouve, para que ela se envolva. Além disso, sempre que posso, monto desenhos em papelão e os recorto, coloca palitinhos de picolé e faço uma espécie de teatrinho. Tudo isso tem dado muito certo, ela gosta demais”.

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