Marcos Mion revela a importância do colo na vida do filho autista
O apresentador conta como desenvolveu uma "metodologia própria" para não perder o contato físico e continuar a dar colo para o filho Romeo.
Por Flávia Antunes
Atualizado em 3 out 2019, 14h36 - Publicado em 26 set 2019, 18h42
Apresentador, ator, escritor, influenciador… Apesar de tantos ofícios, Marcos Mion conta que o mais transformador foi mesmo o de ser pai. E em dose tripla, são eles: Romeo, com 14 anos, Donatella, de 11 e Stefano, de 9.
Logo na primeira experiência de paternidade, o apresentador de “A Fazenda” se deparou com a realidade do autismo. Cuidar de Romeo não foi uma tarefa fácil, e Mion aprendeu na prática a lidar com alguns comportamentos.
Em evento de lançamento do livro “100 Razões Para Dar Colo”, o ator abriu o coração sobre a importância do contato físico com o filho. Ele contou com sinceridade como foi não desistir da proximidade, mesmo quando profissionais da área recomendavam mais afastamento.
Tudo começou antes mesmo do diagnóstico do espectro. O menino sofreu uma luxação congênita no parto. “Ele teve que fazer uma cirurgia com três meses de idade e o gesso vinha do peito até o calcanhar, para que o tecido fosse reconstruído e ficasse com o fêmur encaixado”, explica Mion. Com o corpo completamente imóvel, coube ao apresentador a tarefa de carregar o pequeno para lá e para cá. “Só eu conseguia segurar ele”, conta. Durante praticamente todo o primeiro ano de vida, essa foi a única forma de locomoção de Romeo: o colo do pai.
No entanto, quando o garoto reconquistou os movimentos, tudo mudou. “Eu fui para o extremo oposto do que era minha realidade. Meu filho não queria dividir esse momento comigo enão aceitava mais ser abraçado“, revela Mion.
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A tática adotada por ele foi pouco convencional. “Eu era muito moleque, muito inexperiente, era meu primeiro filho. Mas eu não quis ouvir nenhum especialista“, confessa. Apesar de respeitar os conselhos dos profissionais, o ator diz que preferiu seguir suas próprias regras. “Eu sou um pai que vai um pouco de acordo com o que eu acredito dentro do meu espaço”.
Por isso, quando as pessoas ao seu redor recomendavam que ele aceitasse a situação e respeitasse os limites do menino, Mion conta que se indignou. “Como eu não vou abraçar meu filho? Viveu um ano no meu colo!” e completa “vou, através do meu amor, superar essa situação”.
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E a duras penas. A “luta” diária para que Romeo aceitasse o contato físico nem sempre era encarada de forma positiva. “Fui muito criticado, não só externamente, como internamente – dentro da família”, admite Mion.
Eu desenvolvi uma metodologia minha, que foi batalhando contra essa então considerada uma característica imutável do autismo
Com insistência e carinho, o apresentador diz que a estratégia deu resultado. Se anda na rua, é sempre com Romeo “pendurado” em seus braços. “Hoje em dia, é basicamente assim: eu no colo dele e ele no meu – porque ele está quase do meu tamanho”, brinca.
“Ele não consegue desgrudar de mim em nenhum momento. E isso não estava em nenhum livro, não tinha nenhum vídeo na internet me falando sobre essa experiência. Foi um puro instinto paterno de amor. É meu filho, eu dei colo para ele durante um ano e vou continuar dando, porque é minha função. Eu tenho que ser um porto seguro para ele voltar sempre que precisar”.