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“Muito mais do que a menina que fala palavras difíceis, Alice é decidida”

Morgana Secco, mãe da estrela Alice e da bebê Julia, divide quais são os valores familiares que ela e o marido, Luiz Schiller, compartilham com as crianças

Por Juliana Costa (Ilustração: Cássia Roriz)
Atualizado em 25 jul 2023, 09h59 - Publicado em 12 Maio 2023, 15h53
ilustração de uma família formada por homem, mulher e duas filhas crianças em um fundo colorido
Morgana Secco, Luiz Schiller, Julia e Alice na revista digital Bebê (Cássia Roriz/Bebê.com.br)
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Educar crianças na era das redes sociais não é uma missão fácil. Quando elas – e você – se tornam um fenômeno na internet, a tarefa pode ficar ainda mais complicada. Esse é o desafio de Morgana Secco, mãe de Alice, a garotinha de 4 anos que conquistou o Brasil com sua habilidade para falar as “palavas” difíceis (mas não só isso!), e da sorridente Julia, de 6 meses.

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O enorme sucesso fez com que, há algum tempo, a fotógrafa gaúcha transformasse a produção de conteúdo em profissão. São mais de 4 milhões de seguidores no Instagram e 670 mil inscritos no YouTube, pessoas interessadas no cotidiano da família e em temas como maternidade, lifestyle e a fofura das pequenas, lógico!

Atualmente, Luiz Gustavo Schiller, pai de Alice e de Julia, trabalha com a esposa, oferecendo a ela suporte na área profissional, cuidando das meninas e da casa. Juntos, eles vivem intensamente a parentalidade e criam, dia após dia, bases sólidas para que as filhas construam as próprias histórias.

ilustração de uma família formada por homem, mulher e duas filhas crianças em um fundo colorido
Capa da edição número 1 da revista digital Bebê (Cássia Roriz/Bebê.com.br)

No intervalo entre as postagens nas redes sociais, as reuniões, as gravações de vídeos, as mamadas da caçula, todas as outras demandas das crianças e o tempinho para fazer exercícios (ainda faltou item na lista!), Morgana bateu um papo com Bebê direto de Londres, onde mora. Ela e a família estrelam a capa da edição número 1 da revista digital Bebê! Veja, a seguir, essa conversa inspiradora!

Após a repercussão dos primeiros vídeos da Alice, houve algum fato que fez você entender o quanto a fama era real?

Várias coisas aconteceram, e muito rápido. Comecei a ter milhões de seguidores, inclusive pessoas famosas. Quando a Xuxa deu like e compartilhou meus vídeos, pensei: “O que está acontecendo?”. Já se passaram dois anos e ainda hoje é um pouco assim. Como moramos longe, tudo fica meio abstrato. Nossa primeira visita ao Brasil depois das viralizações, em 2021, foi o maior baque! Todo mundo passava e falava com a gente!

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rosto de garotinha em ilustração de um corpo de criança em fundo colorido
“Muito mais do que a menina que fala palavras difíceis, Alice é decidida, criativa, gosta de desenhar, tocar instrumentos musicais, dançar e interpretar personagens. Não é superagitada, e adora que a assistam. ‘Venham ver meu show’, costuma dizer. É a estrela que fez a gente tão popular!” (Ilustração: Cássia Roriz/Bebê.com.br)

Você costuma dizer que o limite da exposição é sentir o que pode causar desconforto. Como define isso?

Algumas coisas para mim são óbvias. Não compartilho o que compromete nossa segurança – a escola da Alice, fatos da rotina ou algo que mostre nossa localização. Quando estamos em um lugar público, eu geralmente não posto em tempo real. Tem aquilo que envolve intimidade também: as meninas chorando ou em algum outro momento vulnerável. Há ainda as situações das quais elas podem se envergonhar depois, por exemplo, botando o dedo no nariz. Por mais que seja engraçado e aconteça o tempo inteiro, tento fazer um filtro. É uma questão de feeling mesmo.

“Nunca tive a intenção de fazer minha filha famosa. Se, um dia, ela chegar e disser: ‘Não quero mais’, assim será. A gente se reinventa. O trabalho nas redes sociais não é só sobre ela, é também sobre ela.”

Na segunda gravidez, você tinha muito mais seguidores. Foi diferente? Os palpites aumentaram?

O que muda, independentemente da gravidez, é o volume de comentários. Antes, era só a “bolhinha” de coisas fofinhas. Agora, são mensagens de todo tipo. Em relação aos palpites, acho que senti mais com a Alice do que com a Julia. Tenho a sensação de que as pessoas tratam mães de primeira viagem como se elas não soubessem nada. E a mulher, naquele momento vulnerável, pensa: ‘Quem disse que eu não sei?’. Na segunda gravidez, estava meio que calejada. E, para muita gente, por ter a Alice, eu já sabia melhor como agir.

Como você lida com os haters? É difícil imaginar comentários maldosos sobre crianças…

Geralmente, o ataque é para mim, mas já vi alguns para as meninas. O que um ser humano tem no coração para fazer isso, né? No começo, as pessoas não sabiam quem eu era, havia o julgamento e aquilo me abalava. Com o tempo, parei de ligar. Não que eu não me importe, mas, no geral, não me afeta. Fui construindo um relacionamento com quem me acompanha. Hoje, esses seguidores me defendem e os hates normalmente não chegam a evoluir, mesmo fora do meu perfil. Os comentários maldosos muitas vezes vêm de quem não me conhece, por isso não dá para levar para o lado pessoal. Quando você tem um alcance tão alto, se não aprende a trabalhar isso, não consegue lidar.

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“Entendi que o que a pessoa fala nas redes sociais tem muito mais a ver com ela do que comigo, na maioria das vezes.”

Ter filhos era um sonho seu e do Schiller. A “vida real” mudou algo na visão de vocês sobre a parentalidade?

Acho que subestimamos o trabalho que dá. Imaginávamos que seria menos difícil cuidar de um filho e fazer outras coisas. Quando a Alice nasceu, a gente só cuidava dela. Tanto que, ao decidirmos engravidar de novo, perguntei para o Schiller se ele tinha certeza. Mas os dois tinham. Era só para nos lembrarmos daquela conversa nos momentos de exaustão e desespero que viriam. (risos)

Então, não houve o dilema do segundo filho?

Não. Imaginei um cenário com a Alice, que já era maravilhoso, mas veio aquela sensação de que nossa família não era formada só por três pessoas. Independentemente do trabalho que desse, mesmo com o primeiro parto horrível [Morgana foi vítima de violência obstétrica], a gente ia encarar.

Foto do rosto de um homem inserida num corpo ilustrado em fundo colorido
“Schiller é um cara extremamente inteligente, metódico e confiável, que eu admiro muito. É apaixonado pelas meninas e pela paternidade. Quando a gente se conheceu, eu falei: ‘Acho que você é a primeira pessoa que entende minhas ironias’. Temos uma sintonia forte nos diálogos!” (Ilustração: Cássia Roriz/Bebê.com.br)

O que mudou na vida do casal com a chegada das meninas?

Ficamos mais parceiros do que já éramos. Nós nos ajudamos muito e, diante de uma dificuldade, isso se fortifica. Somos nós dois, a responsabilidade é nossa e precisamos estar alinhados. Sempre gostamos da companhia um do outro também, então, nunca foi um problema passarmos um dia inteiro juntos. Temos bem menos tempo para fazer coisas nossas, individualmente ou de casal – mas é claro o entendimento de que isso é temporário. Vamos voltando aos pouquinhos.

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A Alice continua sem acesso a telas?

No dia a dia, sim. Mas, quando ela fez 3 anos e meio, começamos a colocar um filme por final de semana para assistirmos juntos. Temos tentado fazer isso desde então. Vem funcionando legal, acho importante Alice ter contato e acompanhar a construção de uma história do início ao fim.

“Desde que a Alice nasceu, sempre pensei: ‘Quero que ela se sinta ouvida, respeitada. Que sinta que o que fala importa.’”

A educação respeitosa está bem presente na sua casa. É um contexto diferente daquele no qual você cresceu?

Apesar de meus pais serem amorosos e priorizarem os filhos na vida, eles acreditavam que era preciso ter disciplina e autoridade, porque essa era a forma de criação que conheciam na época. Eu tive essa educação violenta, na verdade. Mas não sentia que eles me negligenciavam, a intenção era boa. Por outro lado, isso acabou gerando impactos negativos na minha vida. Insegurança, perfeccionismo, ansiedade… Não guardo rancor, no entanto lembro de como eu me sentia quando era tratada de maneira desrespeitosa. Então foi muito simples não replicar tudo aquilo. O limite para mim é bem claro.

E você tem conseguido dar atenção para a Morgana indivíduo?

Não muito. O que me ajuda, por incrível que pareça, é trabalhar. A chance de conseguir construir esse apoio do Schiller, de ter ajuda em casa e de poder produzir conteúdo, mesmo que num formato reduzido, me mantém inspirada e com energia. Por mais que seja importante separar o pessoal do profissional, as duas coisas se confundem no meu caso. E, quando a gente gosta, o profissional pode ser um prazer também. Sei que, se eu não relaxar, dou uma pirada, mas esse tem sido o espaço para fazer coisas por mim.

foto do rosto de uma mulher colado em um corpo ilustrado em um fundo colorido
“Amo fotografar e contar histórias. Sou determinada e disciplinada: se exercício é bom para a saúde, faço todos os dias, a não ser que algo me impeça. Acho que sou o elo entre nossa vida pessoal e nosso trabalho. Tenho convicção dos meus valores e pratico isso inclusive nas pequenas coisas.” (Ilustração: Cássia Roriz/Bebê.com.br)
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Nas redes sociais, vemos muitas perguntas sobre sua aparência. Isso incomoda?

Além de não incomodar, acho legal responder, para as pessoas refletirem. Qual a razão para elas fazerem o que fazem? Não tem melhor ou pior, é só porque, no geral, muita coisa acontece no piloto automático, pois todo mundo faz. Se fosse mais normalizado que mulher pode andar sem maquiagem, sem esmalte, que pode deixar o cabelo natural e envelhecer sem interferências, talvez muita gente escolhesse outros caminhos. Lógico que gosto de eventualmente me maquiar, me sinto bonita, mas, na minha rotina, existe espaço para isso? Preciso disso? É importante termos liberdade para tomar essas decisões.

Quais são os desafios de educar meninas?

Acho que principalmente tentar não limitar o poder que elas podem ter. Tomamos bastante cuidado, por exemplo, para não classificar coisas como sendo de menino e de menina. Não sei como será no futuro, porém há preocupações hoje, como o fato de não furarmos a orelha delas. Até acho que a Alice vai querer usar brinco, porque ela ama se enfeitar, mas é uma imposição tão forte o pai e a mãe já escolherem isso quando a criança nasce! É uma violação no corpo. Por que com a menina acontece e com o menino não? Com o tempo, elas vão entender que a sociedade cria certos limites, e que a gente precisa romper isso. O fato de, atualmente, a mãe ter o “trabalho principal” em casa e o pai estar ali dando suporte e cuidando das crianças também desconstrói alguns estereótipos. Procuramos agir nas sutilezas. Conforme elas forem crescendo e encontrando desafios, vamos conversar, sem tentar antecipar demais temas complexos. 

rosto de garotinha em ilustração de um corpo de criança em fundo colorido
“Ela vai mudando, mas, hoje, é ‘grudezinho’ e carinhosa. Ganha beijos e começa a rir… É muito gostoso poder beijar uma bebê o tempo todo! Tenho percebido que ela se entedia fácil, mas, ao mesmo tempo, é a criança mais sorridente que já conheci!” (Ilustração: Cássia Roriz/Bebê.com.br)

“A história que contamos para nós mesmos sobre a nossa vida importa muito.”

Que memórias você gostaria de criar em suas filhas?

Penso nisso o tempo inteiro! Às vezes, estamos brincando e percebo como aquela é uma recordação legal. Dá até vontade de fotografar! De modo geral, acho que me preocupo mais com a simplicidade das coisas do dia a dia, ainda que as datas especiais sejam importantes também – a festinha de aniversário, mesmo que simples, faz parte dessa construção. E é assim, no cotidiano, que vamos ajudando as duas a desenhar a história da vida delas. E não só a delas.

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REVISTA DIGITAL BEBÊ

Para celebrar o mês das mães, Bebê acaba de lançar o primeiro número de sua revista digital. A publicação será trimestral e repleta de conteúdos incríveis sobre gravidez, parentalidade, educação dos filhos, saúde e muito mais.

Além da entrevista com Morgana, a edição conta com uma matéria completa sobre os cuidados essenciais com os recém-nascidos no inverno, uma reportagem sobre a importância da educação antirracista e um relato emocionante de parto natural aos 44 anos. Por fim, Tainá Goulart estreia a coluna Diálogos de uma Mãe Solo, e você ainda encontra um guia cheio de dicas para escolher sua babá eletrônica (com opções de compra).

A edição número 1 da revista digital de Bebê está disponível no GoRead, acesse aqui!

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