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“Como é ser mãe de quíntuplos”

Sem recorrer a técnicas de reprodução para engravidar, moradora de Santos teve cinco bebês de uma vez e fala sobre o dia a dia após a chegada dos pequenos.

Por Luísa Massa
Atualizado em 23 Maio 2023, 18h19 - Publicado em 2 fev 2016, 18h55
Reprodução Facebook/Os Quíntuplos Chegaram
Reprodução Facebook/Os Quíntuplos Chegaram (/)

Karina Barreira teve sua história amplamente divulgada em 2015. E não é para menos! Ela é mãe de Arthur, Gabriela, Giulia, Laís e Melissa – os quíntuplos que nasceram em abril de 2015 e estão prestes a completar 10 meses de vida. Em depoimento exclusivo ao Bebê.com.br, ela fala sobre os desafios que enfrentou durante a gestação múltipla e revela como é a rotina da maternidade com cinco bebês em casa. Confira!

“Eu sempre tive vontade de ser mãe. Com 30 anos, comecei a pensar melhor na ideia e resolvi que aquele era o momento certo. Só que o tempo foi passando, eu fazia testes de gravidez e os resultados eram sempre negativos. Resolvi procurar ajuda de uma médica e ela disse que o meu marido poderia ter 20 filhos, mas eu não. Foram 5 anos de muitos exames e tentativas frustradas. Um dia, uma amiga falou que eu deveria procurar outro obstetra, um que era famoso em Santos – cidade onde eu moro – por ajudar os casais que têm problemas de fertilidade.

Apesar de estar desiludida, resolvi marcar uma consulta com o tal médico e pensei: “essa vai ser a minha última tentativa”. Ele analisou os resultados dos exames que eu já tinha feito e pediu para que eu realizasse outros. Segundo ele, estava tudo certo, o problema era que a parede do meu útero era fina demais. O doutor também prescreveu alguns medicamentos, me informou sobre o período fértil e disse que em três meses eu voltaria grávida. É claro que eu não acreditei, mas comecei a tomar os remédios. Três meses se passaram e nada. No quarto mês, tive uma surpresa: minha menstruação atrasou e eu resolvi fazer o teste de farmácia. O resultado deu positivo, mas eu e meu marido não estávamos acreditando, então, fiz o exame de sangue e recebemos novamente o positivo.

Tudo corria bem e chegou a hora de fazer o primeiro ultrassom. Eu estava ansiosa para saber como seria, se eu conseguiria enxergar alguma coisa. Na hora do procedimento, o médico me perguntou: “você sabe fazer conta? Quanto é 1+1+1?”. Eu não entendi nada, mas o meu marido compreendeu e levantou da cadeira muito alegre, dizendo que seríamos pais de trigêmeos. Enquanto o meu esposo estava eufórico, eu fiquei apreensiva e só conseguia pensar nos custos e em como daríamos conta de cuidar de três crianças. O médico conseguiu me acalmar, explicou algumas coisas e disse que a gravidez era de risco, que eu precisava ficar atenta. Apesar do susto, eu e o Júnior conseguimos assimilar o fato com calma e estávamos nos preparando para a chegada dos bebês.

Um mês depois, quando fui fazer outro ultrassom sonhando em ver os carocinhos, o doutor perguntou assustado se nós realmente teríamos trigêmeos. Eu fiquei muito preocupada, pois achei que tivesse perdido um filho. Foi então que ele nos deu outra notícia: “não são três, são cinco bebês!”. Dessa vez, quem ficou nervoso foi o meu marido. Por incrível que pareça, eu estava tranquila. Apesar de nunca ter ouvido falar de caso de quíntuplos, eu agradeci muito a Deus pela benção e disse: “vamos em frente!”. A gestação tinha se tornado de ALTO risco e as recomendações eram ainda maiores. Eu sabia que era importantíssimo ter uma gravidez saudável e, para que isso acontecesse, os profissionais falaram que eu deveria me alimentar bem, tomar muito líquido, repousar e não ficar preocupada. Tive três sangramentos e fui afastada do trabalho. Também passei um tempo na casa da minha sogra, pois a minha casa tinha escada e eu não podia subir. Minha barriga mexia muito, em todos os cantos, afinal, ela estava “tomada” pelos bebês. No total, engordei 10 quilos e fiz tudo o que pude para segurar essas crianças. A cada ultrassom, eu ficava ainda mais ansiosa. Vocês não imaginam o medo que eu sentia de fazer o exame para ver se os cinco bebês estavam bem. Enquanto não chegava no último para ver se estava tudo ótimo, eu não sossegava.

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O plano era ter os meus filhos no hospital em Santos, mas o médico foi sincero e disse que não havia estrutura na cidade para um parto de cinco bebês. Eu também fiquei com medo de algo acontecer, por isso, pedi para o meu marido checar o plano de saúde e ver quais lugares de São Paulo ele cobria. Fomos para a capital e fui internada um mês antes da chegada dos meus filhos. Eu fazia ultrassom toda quinta-feira e em uma semana me disseram que a menorzinha estava tendo complicações. Fiquei em observação para ver se a situação melhorava, mas só foi piorando. Fui informada num domingo que a cesárea aconteceria na segunda-feira – com 28 semanas e 1 dia – porque todos estavam correndo risco. No dia do parto, eu não fiquei muito nervosa. É claro que estava ansiosa, mas também sentia muita segurança dos funcionários do hospital, pois eu havia sido preparada por eles: conheci a UTI, vi os bebês pequenos e sabia que os meus filhos ficariam um bom tempo naquele ambiente. No momento do nascimento, estavam presentes 32 profissionais, que me davam força e incentivo. Eu entreguei nas mãos de Deus e o meu pensamento era sempre positivo.

Quando os bebês vieram o mundo, eu os vi rapidamente, pois logo tive que ir para a UTI controlar a minha pressão, que estava alta. Fiquei onze dias internada, mas estava tudo bem comigo. Como foi um parto de quíntuplos – algo incomum -, me deixaram mais tempo em observação. Quando fui liberada do hospital, enfrentei um grande drama por ter que deixar as crianças. A sensação era de abandono. Eles só poderiam sair da UTI quando estivessem com dois quilos e com a saúde boa. Os primeiros a se retirarem foram o Arthur e a Gabriela. Depois, vieram a Júlia e a Laís e, por último, a Melissa. No total, isso durou cerca de três meses.

No começo, fiquei hospedada na casa de uma irmã em São Paulo, mas o local era muito distante do hospital. Então, alugamos uma casa que era próxima e eu contava com a ajuda da minha mãe e cunhada. Eu ia todos os dias visitá-los, via os boletins médicos, tirava o leite para que eles fossem alimentados. Eu só pude amamentá-los no peito quando eles chegaram a pesar um quilo e meio. Consegui dar leite materno para todos os meus filhos até eles completarem quatro meses. Quando todos finalmente saíram e eu pude ver os cinco reunidos, chorei e vi que aquela tinha sido uma grande vitória! Foi nesse momento também que começou a “brincadeira” de verdade: os pequenos acordavam de três em três horas e era bem cansativo.

Quando eu voltei para Santos, a ficha caiu e confesso que eu fiquei um pouco apreensiva por estar longe do hospital, lugar em que eu aprendi e recebi muito apoio. Aos poucos, me acalmei e as coisas foram dando certo. Atualmente, as crianças têm quase dez meses. Eu e meu marido contamos com a ajuda da minha mãe e, às vezes, com a de uma cunhada.  Os bebês são bem bonzinhos, dormem a noite toda, mas o trabalho é grande. Aqui, seguimos a rotina à risca – os cinco mamam e adormecem no mesmo horário. Temos uma agenda e anotamos tudo: a quantidade de mamadas, se evacuaram ou não, quantos banhos tomaram…

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Nós também enfrentamos algumas dificuldades porque o meu marido teve que sair do trabalho quando soube que esperávamos trigêmeos, já que eu precisava de alguém do meu lado o tempo todo. Até hoje ele está desempregado e eu estou afastada do serviço. Eu passei os quatro meses de licença-maternidade e um mês em casa. Quando chegou a hora de voltar, conversei com a minha patroa e disse que não tinha condições para retornar, pois os médicos também falaram que devemos esperar um pouco para colocá-los na creche. Ela entendeu e está me apoiando muito! No entanto, nossa renda mensal é de cerca de R$ 1500, o salário que eu recebo como encarregada de vendas. Quem paga o plano de saúde dos meus filhos é uma tia que mora Rio de Janeiro. Nós também já recebemos ajuda de muitas pessoas através da página que criamos no Facebook, desde palavras de incentivo até doações – como roupas, pomadas e dinheiro.

Graças a Deus, não falta nada para as crianças e assim vamos vivendo. É claro que tudo o que eu passei mexeu com o meu psicológico. Eu ainda choro por causa de toda a loucura, me incomodo de ver a casa desorganizada porque não é fácil cuidar de cinco bebês. Eu falo para todo mundo que eu não consigo enxergar muito lá na frente. Eu vejo coisas positivas, mas eu vivo o hoje. É claro que no futuro eu quero trabalhar bastante para, na medida do possível, dar do bom e do melhor para os meus filhos. Também quero que eles estudem, se divirtam, brinquem e o mais importante de tudo: tenham saúde. Eu estou tentando montar uma pasta com fotos, reportagens e notícias que saíram sobre o caso para mostrar quando eles crescerem. Apesar de todos os desafios, acredito que Deus deu os cinco filhos para a pessoa certa. Para mim, o que vale é ver o sorriso no rosto deles.

Reprodução Facebook/Os Quíntuplos Chegaram Reprodução Facebook/Os Quíntuplos Chegaram

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