O método é simples: basta colocar o produto em contato com o xixi que em até cinco minutos a mulher sabe se está grávida – ou não. Para chegar a esse resultado, que geralmente tem precisão superior a 99%, o teste de gravidez mede o beta HCG, fração do hormônio gonadotrofina coriônica humana (HCG), produzido durante a gestação.
Esse hormônio, que aparece na urina, é secretado pelo trofoblasto, estrutura do embrião responsável pela sua interação com o útero e que, depois, dará origem à placenta. “O HCG começa a ser secretado no momento da implantação do embrião no útero, o que ocorre cerca de cinco dias depois da fecundação”, explica Renata de Camargo Menezes, ginecologista especialista em reprodução humana, diretora da Clínica Engravide, em São Paulo.
A partir daí, os níveis dele sobem exponencialmente: dobram a cada 48 horas. Por exemplo, se estiverem em 15mUI/mL no final da terceira semana de gravidez, dali a dois dias deverão estar em 30mUI/mL e assim por diante. Para se ter uma ideia, por volta da quinta semana os níveis já estão acima de 1000mUI/mL. A quantidade varia ligeiramente de mulher para mulher.
O mecanismo do teste
Os testes de farmácia contêm anticorpos que encontram o HCG presente na urina em uma fita de papel absorvente. Nesse caso, ela deve ser coletada em um potinho ou na caneta, que possui na ponta o mesmo tipo de papel e dispensa os potes: pode ser colocada em contato direto com o jato.
Nas duas situações, o processo é o mesmo. Os anticorpos detectam o hormônio e se unem a ele, formando um novo composto. É essa reação que dá a cor à segunda listra e o sinal de positivo. Já se o teste for negativo, só uma listra aparece, graças ao contato do papel com a urina, o que significa que a análise ocorreu adequadamente.
Para garantir a precisão, vale usar o primeiro xixi do dia. “Se o teste for bom, tanto faz o horário, mas, como não sabemos, o ideal é usar a primeira urina da manhã, que tem uma concentração maior de HCG”, aponta Renata.
Depois de alguns minutos, o resultado aparece em um mostrador que varia de acordo com o produto: pode ter símbolos de + e – ou apenas listras paralelas, como as da imagem abaixo. Há, ainda, versões digitais, daí o resultado aparece como GRÁVIDA ou NÃO GRÁVIDA.
Como interpretar os resultados
Os testes são, em geral, confiáveis, mas alguns são mais sensíveis a níveis menores de beta HCG, enquanto os menos sensíveis podem apresentar falsos negativos se a gravidez estiver muito no começo. A partir das quatro semanas de idade gestacional, contudo, todos são capazes de detectar o HCG.
É nesse período que ele deve ser feito porque atinge o máximo da eficácia. Para saber se está na hora, a dica é contar quatro semanas depois do primeiro dia da última menstruação. “Mas se o ciclo for irregular, mais longo ou mais curto que o de 28 dias, a mulher pode calcular cerca de 14 dias após a provável concepção”, afirma Luciana Taliberti, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz, de São Paulo.
Os falsos positivos são raros, mas acontecem. Apesar de ser praticamente exclusivo da gestação, o HCG é também produzido por alguns tumores de ovário, caso raríssimo, e injetado como método de emagrecimento, além de entrar em alguns tratamentos de fertilidade.
Se o exame deu negativo, mas a suspeita persiste, repita o teste em dois a sete dias. Como os níveis de HCG sobem rapidamente na gestação, ele deverá dar positivo na próxima vez se houver mesmo um bebê a caminho.
O teste que mede as semanas
Ele funciona da mesma maneira, mas tem uma fita de papel extra, de alta sensibilidade, e é capaz de quantificar o HCG relativo a três períodos após a concepção: 1 a 2 semanas, acima de 3 semanas e mais de 5 semanas. Vale lembrar que esse número não vai bater com o que o obstetra vai indicar posteriormente, pois o tempo de concepção é diferente da idade gestacional, que é calculada a partir do primeiro dia da menstruação.
O mostrador é digital e esse produto, assim como outros, encontra o HCG até quatro dias antes da data esperada da menstruação. Mas, nesse caso, a eficácia de quase 100% cai para cerca de 65%.
Exames de sangue
Em termos de eficácia, o de farmácia é praticamente igual ao de sangue. A diferença aqui é que a análise feita no laboratório consegue quantificar o HCG de maneira precisa, o que determina a idade gestacional verdadeira.
Por isso, esse exame sempre é solicitado, mesmo que a gravidez já esteja confirmada. “A partir dele, também conseguimos saber se a gestação está evoluindo ou não”, aponta Luciana. Os laboratórios hoje em dia conseguem detectar taxas baixíssimas de HCG, alguns acima de 2UI/mL, mas os especialistas recomendam que o período ideal seja respeitado.
Mas atenção: a ansiedade pelo resultado pode não interferir no resultado do teste, mas com certeza não fará bem à saúde da mulher, esteja ela tentando ou não engravidar.