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Entenda como preservar a fertilidade ao descobrir um câncer de mama

Médicos explicam quais são os quatro tratamentos indicados antes do início da quimioterapia para uma gravidez no futuro.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 22 out 2020, 11h27 - Publicado em 21 out 2020, 16h21
 (FatCamera/Getty Images)
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Para uma mulher que deseja ser mãe ou até mesmo estava no processo de tentar engravidar, descobrir um câncer de mama pede um diálogo sincero entre paciente e médico para que ela possa entender quais são as possibilidades para preservar sua fertilidade.

Essa discussão é necessária porque ainda que os tratamentos, como quimioterapia e radioterapia, sejam destinados às células tumorais, eles podem acabar atingindo outras células sensíveis. Entre elas, as germinativas nos ovários, responsáveis pela produção dos óvulos.

“É muito comum que uma mulher, depois de realizar a quimioterapia, passe a ter uma diminuição no número de óvulos disponíveis nos seus ovários. E, por isso, ela tem grande chance de sofrer de infertilidade ou até de insuficiência ovariana precoce (a chamada menopausa precoce) no futuro”, explica Maurício Chehin, médico especialista em reprodução assistida e coordenador do projeto de Oncofertilidade da Huntington Medicina Reprodutiva.

Ainda de acordo com Chehin, a infertilidade não é obrigatoriedade para todas as mulheres com câncer de mama. Ela depende de condições prévias da paciente ao tratamento oncológico, como a sua idade ao iniciá-lo, qual era a reserva de óvulos no momento, o tipo de drogas usadas, a dose e quantidade de aplicações.

As variáveis que a medicina não consegue controlar faz com que não se tenha número exato de quantas mulheres acabam inférteis após a quimioterapia para o câncer de mama. Mas o especialista pontua que a média é alta – entre 40% a 60% das pacientes – e, por isso, os tratamentos destinados à fertilidade são importantes. Eles se dividem principalmente em quatro tipos.

Congelamento de óvulos

A primeira escolha e que tende a ser mais popular entre as mulheres é o congelamento de óvulos. “De modo geral, ele é um processo rápido porque leva de oito a dez dias de algum estímulo sobre os ovários para preparar o crescimento dos folículos, que potencialmente possam estar amadurecendo um óvulo dentro”, detalha Maria do Carmo Borges de Souza, presidente da Rede Latino Americana de Reprodução Assistida (REDLARA), diretora da SBRA e da clínica FERTIPRAXIS.

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Junto com o intervalo curto para a preparação do corpo feminino para produção e coleta dos óvulos, a técnica tende a ser uma boa escolha por poder ser iniciada a qualquer instante ao descobrir a doença.

“Anteriormente, achava-se que era preciso esperar a mulher menstruar para começar o processo. Hoje, sabemos que esse ciclo pode ser iniciado em qualquer momento do período menstrual”, esclarece Maria do Carmo. Isso é possível devido ao tratamento hormonal usado para estimular o crescimento dos folículos.

Só que este processo de indução acaba fazendo com que as pacientes questionem se o câncer de mama não irá acelerar ou até mesmo ficar mais grave com os hormônios. Mas a especialista esclarece: “Existem cuidados e medicações que são especiais para estas mulheres, em que você consegue fazer a estimulação sem que isso seja um prejuízo para as mamas ou para a doença posteriormente”.

Congelamento de embriões

A segunda técnica mais usada é a de congelamento de embriões, em que o processo de preparação é semelhante ao anterior. Em média, é preciso de duas semanas para induzir a ovulação, acompanhar o crescimento dos óvulos nos ovários e coletá-los. “Mas a diferença é que, já no momento da coleta, o médico fertiliza esses óvulos com o espermatozóide”, explica Chehin.

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Esta opção acaba sendo mais indicada para mulheres que estão dentro de relacionamentos estáveis e a decisão de uma gestação futura está esclarecida entre o casal, pois será necessário material genético do parceiro para formar o embrião.

Congelamento de tecido ovariano

De acordo com o especialista da Huntington, este terceiro método vem ganhando força nos últimos anos por demandar ainda menos tempo para acontecer – o que acaba sendo positivo na corrida contra o tempo para iniciar o tratamento contra o câncer de mama.

“Em praticamente dois a três dias, o médico consegue fazer uma videolaparoscopia (cirurgia minimamente invasiva) em que se retira parte de um ovário e o prepara para o congelamento. A ideia é que, uma vez que essa mulher passe por todo tratamento oncológico e fique infértil, ela pode transplantar o seu ovário para ela mesma no lugar que foi retirado o tecido. E ele voltaria a funcionar, e produzir óvulos”, elucida Chehin.

Supressão ovariana

O nome científico para a quarta e última técnica pode trazer dúvidas, mas a sua explicação é simples: é um processo em que, com medicações específicas, o organismo feminino é induzido a um estado de menopausa precoce temporária.

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“A ideia disso é que na menopausa o ovário já não funciona mais, ele fica em repouso. Deixando-o assim, ele seria menos atingido pela quimioterapia, já que ela afeta muito as células que se multiplicam, que se proliferam rapidamente. Portanto, quanto mais inativo estiver um órgão, menos a terapia vai atingi-lo”, pontua o especialista.

Só que a garantia de eficácia desta técnica ainda traz resultados divergentes. Há casos em que a fertilidade da mulher é protegida, enquanto que em outros ela acaba perdendo os seus óvulos após o tratamento para o câncer de mama.

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