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Estudo indica que pandemia levará a 300 mil nascimentos a menos nos EUA

De acordo com os pesquisadores, o principal fator que leva famílias a não quererem outro filho é a perda da sua fonte de renda durante a crise humanitária.

Por Alice Arnoldi
12 mar 2021, 16h24
Emagrecimento na amamentação: Mitos e verdades
Emagrecimento na amamentação: Mitos e verdades (Mladen Zivkovic/Getty Images)
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Com mais casais dentro de casa e as diversas surpresas de parentes e amigos próximos anunciando que um bebê estava a caminho, uma das sensações trazidas pela pandemia era de que 2021 seria um ano de muitos nascimentos. Entretanto, não é isso que mostra um dos primeiros levantamentos realizados sobre o assunto nos Estados Unidos.

Em um artigo publicado no The New York Times, os pesquisadores do Brookings Institution, Melissa S. Kearney e Phillip B. Levine, relembraram a pesquisa que havia começado em julho de 2020 e foi atualizada em dezembro do mesmo ano. A conclusão que ambos chegaram era de que o país norte-americano teria a redução de 8% do número esperado de nascimentos – caso não estivéssemos em uma pandemia – o que significa 300 mil bebês a menos em 2021.

Os motivos que causaram esta redução

Os especialistas apontam que o primeiro fator que acarreta pais a adiarem a decisão ou até mesmo desistirem de ter outro filho é o desemprego. “Quando a renda cresce, as pessoas frequentemente aumentam suas famílias. Já quando perdem seu emprego ou rendimento financeiro, elas têm menos filhos”, pontuam Melissa e Phillip.

Em seguida, surgem as questões sanitárias, como a preocupação de dar à luz em meio a uma pandemia, que podem ou não estar ligadas às dificuldades financeiras. Um exemplo disso é o cenário visto durante a Gripe Espanhola, que afetou o mundo inteiro.

Os pesquisadores lembram que, naquela época, os Estados Unidos não estavam passando por uma recessão econômica, além de terem o acesso aos anticoncepcionais dificultado – portanto, especulava-se que mais gestações aconteceriam devido aos meios propícios para elas. Entretanto, o que se observou foi uma queda brusca da taxa de natalidade nove meses após o início da crise humanitária.

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Ainda em relação ao coronavírus, também são elencadas como motivos que levam à redução de nascimentos nos anos seguintes: a sobrecarga vista entre os pais que estão precisando conciliar o trabalho remoto com o ensino à distância, e a impossibilidade de pessoas estabelecerem um relacionamento quando se conheceram no início de 2020.

As consequências deste cenário a longo prazo

Os pesquisadores citam que, ainda que algumas famílias tenham postergado a vinda de um novo membro, outras podem ter tomado a decisão de permanecerem sem filhos ou apenas com a quantidade que já têm – o que resultaria a longa prazo no que é chamado de “epidemia da solidão”.

Por outro lado, os bebês concebidos ou nascidos durante a covid-19 podem viver uma realidade diferente. Ao irem para a escola ou ingressarem no mundo do trabalho com menos pessoas dentro da sua faixa etária, isso pode significar um cenário menos competitivo e talvez mais acolhedor. Só que, ao mesmo tempo, o reflexo disso é menos pessoas trabalhando, recolhendo aposentadoria e assim travando os ciclos financeiros e sociais do país.

Ainda que tais dados sejam referentes aos Estados Unidos, eles trazem a ponderação de como será essa realidade no Brasil, onde a pandemia está alastrando-se cada vez mais e com menos recursos e consciência governamentais para contorná-la. Portanto, a dúvida que fica é: também enfrentaremos uma dura redução da taxa de natalidade após uma avalanche de mortes no país?

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