Jovem viraliza ao tirar DIU junto com absorvente interno. Isso é possível?
Hayane Beatriz intrigou as redes ao retirar o dispositivo enquanto tentava extrair um absorvente interno. Conversamos com especialista para entender o caso
O medo da não adaptação do corpo a um novo método contraceptivo assombra muitas mulheres durante o planejamento familiar, especialmente as adeptas do DIU. Agora, imagine só: finalmente você decidiu fazer a colocação do dispositivo e, após alguns dias, ao ir ao banheiro, percebe que o retirou acidentalmente enquanto tentava remover um absorvente interno!
Pois é… Quem viveu este “pesadelo” foi a maranhense Hayane Beatriz, de 19 anos. A dona de casa viralizou nas redes sociais depois de compartilhar um vídeo exibindo o dispositivo – já fora do corpo – em um papel toalha. “Eu fui puxar o meu absorvente interno e puxei foi o DIU”, escreveu na postagem.
Nos comentários do vídeo e em uma segunda publicação, Hayane explicou aos internautas curiosos com o caso que havia passado menos de uma semana desde a colocação do dispositivo e que, no dia do ocorrido, era a sua primeira vez utilizando um absorvente interno.
@hayanebeatriz29 Que odio de mim 😭😭😭#fyyyyyyyyyyyyyyyyyyy #viral #diu #odio
“Eu fui me banhar na piscina e acho que o absorvente interno caiu. Fiquei preocupada, então fui ver se ainda estava dentro de mim”, comentou. “Daí, eu vi uma cordinha e, quando eu a puxei, aconteceu tudo isso. No meu caso, não doeu”, afirmou em outra postagem.
Hayane também comentou que ainda não havia recebido de sua médica todas as instruções referentes ao método contraceptivo, visto que nem chegou a fazer o primeiro ultrassom transvaginal de acompanhamento.
O DIU poderia ter saído sozinho?
Para tentar entender o caso, conversamos com Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pelos hospitais Santa Casa, Albert Einstein, São Luiz e Pro Matre, e membro da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Em primeiro lugar, o especialista explica que o DIU é bastante eficaz como método contraceptivo, mas existem, sim, pequenos riscos de ocorrer sua expulsão ou movimentação pelo corpo, especialmente quando falamos do dispositivo de cobre – o mesmo utilizado por Hayane.
“Em geral, o DIU de cobre é um tipo que faz com que a paciente sangre mais. Muitas vezes, por conta do aumento do fluxo e das cólicas menstruais, o dispositivo pode sair do lugar ou mesmo ser eliminado durante a menstruação”, afirma.
A paciente não conseguirá identificar sozinha se o DIU se encontra fora da posição adequada. Essa é uma questão que deve sempre ser avaliada pelo ginecologista em um retorno ao consultório. “Depois da inserção, a mulher é orientada a fazer um acompanhamento, em determinados períodos, com o exame de ultrassom, para nos certificarmos de que o DIU está bem-posicionado”, explica.
Para se ter uma ideia, dados mais recentes do projeto de estudo norte-americano CHOICE, que investigou a contracepção de mais de 5 mil adolescentes entre 14 e 19 anos, identificaram taxas aumentadas de expulsões do dispositivo (18%) entre esta faixa etária, se comparadas a mulheres mais velhas. Além disso, o risco de expulsão com o DIU de cobre foi três vezes maior nas adolescentes, enquanto com o DIU hormonal, duas vezes.
Há chances do DIU ser puxado acidentalmente?
Quem utiliza este método contraceptivo sabe que a anatomia do DIU conta com um pequeno fio em sua extremidade, para que ele possa ser posteriormente retirado pelo profissional de saúde. Carlos explica que, eventualmente, há de fato uma possibilidade bastante pequena de que a paciente possa puxar este fio por engano durante a manipulação dentro do canal vaginal.
“Por isso, no momento após a paciente fazer a inserção do DIU, normalmente sugerimos que ela não utilize absorventes internos ou coletores menstruais”, complementa o ginecologista.
Em seu segundo vídeo, Hayane desabafa: “O pior é que eu nem posso reutilizar o DIU, é daqui para o lixo”. Pois é, uma vez que o DIU tenha sido expelido ou retirado acidentalmente, a mulher pode fazer uma nova inserção, mas não com o mesmo dispositivo.
“Os DIUs inseridos vêm esterilizados, diferente do que foi expelido, em que não há o cuidado com a assepsia. Então, é possível que a paciente reintroduza um outro DIU novo sem problemas”, finaliza Carlos.