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Laqueadura: o que é, a recuperação e outras informações essenciais

O método contraceptivo definitivo gera muitas dúvidas: funciona mesmo? A cirurgia é complicada? Dá para reverter? Veja as respostas

Por Da Redação
18 mar 2023, 10h00
Como posso saber se estou ovulando? Confira algumas dicas simples!
Como posso saber se estou ovulando? Confira algumas dicas simples! (Elena Nechaeva/Getty Images)

A laqueadura é um método contraceptivo definitivo – na verdade, é uma esterilização. A partir do momento em que o procedimento é realizado, a mulher não pode mais engravidar. Para que isso aconteça, o médico corta as tubas uterinas ou trompas e “amarra” as extremidades. Desta forma, a passagem dos óvulos e dos espermatozoides fica bloqueada, impedindo a fecundação. De acordo com o cirurgião obstetra Renato Sá, da Maternidade Perinatal (RJ), é uma cirurgia, em geral, rápida e de baixo risco.

Ligadura ou laqueadura?

Tanto faz. “As pessoas tendem a falar: ‘Eu não liguei as trompas, fiz a laqueadura’. Ou o contrário. Muita gente acha que uma é reversível e outra não. Na verdade, ligadura e laqueadura são sinônimos. O procedimento é o mesmo”, explica o especialista.

Tipos de laqueadura

Apesar de o procedimento ser o mesmo, segundo Renato, é possível dividi-lo de acordo com o momento em que é feito: logo após o parto normal, logo após a cesárea ou em outros momentos, não precedidos de partos ou abortos.

Antes do novo projeto de lei que altera a legislação sobre a ligadura tubária, sancionado em setembro do ano passado e que entrou em vigor em março, não era permitido fazer o procedimento pós-parto ou pós-cesárea. Agora, a mulher pode solicitar a realização, desde que com 60 dias de antecedência do parto.

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– Laqueadura após a cesárea

“Após a cesariana, as trompas estão acessíveis, então, o médico faz a ligadura direto”, explica Renato. A mulher já está anestesiada e, de acordo com o obstetra, isso acrescenta cerca de 5 minutos de duração à cirurgia por trompa, ou até menos. O período pós-operatório é o mesmo da cesárea. “A laqueadura não influencia em nada”, afirma.

– Laqueadura após o parto normal

A laqueadura após o parto normal é feita por uma pequena incisão na região periumbilical (próximo ao umbigo). “Na maioria das vezes, aplica-se a anestesia raquidiana, na coluna, de curta duração”, diz o cirurgião. “A influência na recuperação também é muito pequena. A mulher tem mais os sintomas do pós-parto do que sintomas relativos à ligadura”, completa.

– Laqueadura por videolaparoscopia

Quando a laqueadura não é feita imediatamente após partos ou abortos, em geral opta-se pela videolaparoscopia, um tipo de cirurgia minimamente invasiva, realizada com câmeras, com pequenas incisões. “Habitualmente, é feita com sedação. É rápida e leva cerca de 20 minutos ou menos. Na maioria das vezes, a mulher entra no hospital de manhã e, no final do dia, recebe alta”, diz o especialista.

Gravidez após a laqueadura

O procedimento de ligadura tubária é um dos métodos contraceptivos mais eficazes, com taxa de falha de apenas 0,5%. Renato explica que, entretanto, o organismo tem uma tendência de restabelecer a forma como funcionava antes da “lesão”, que é como “ele entende” o bloqueio das tubas. “Embora se tenha retirado um pedacinho e amarrado, ainda assim, [em casos raríssimos], ele consegue fazer um buraquinho e permitir que o óvulo passe”, conta. Mas, vale reforçar: a chance de isso acontecer é mínima.

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Quem pode fazer laqueadura?

A laqueadura pode ser feita por mulheres que não querem mais ter filhos e que preferem optar por um método definitivo e não pelas opções de curto prazo – preservativos e pílulas anticoncepcionais, por exemplo – ou de médio prazo, como implantes hormonais e dispositivos intrauterinos (DIU).

Pela nova lei, qualquer mulher a partir de 21 anos pode fazer a ligadura tubária, tendo ou não filhos. Se tiver dois filhos ou mais, pode optar pela esterilização já a partir dos 18. Em qualquer um dos casos, entre a manifestação do desejo de passar pelo procedimento e a realização dele é necessário um intervalo mínimo de 60 dias. “Durante esse período, a mulher deve passar por um aconselhamento multidisciplinar, que inclui discussões com vários agentes de saúde, psicólogos, agentes sociais e médicos. Essa equipe deve informá-la sobre os prós e contras de cada método contraceptivo, para que ela possa fazer uma escolha segura”, aponta Renato.

Antes da mudança na legislação, também era necessária a concordância do cônjuge para a realização da ligadura, porque se entendia que a decisão sobre a fertilidade deveria ser conjunta, do casal. Agora, tanto para a laqueadura quanto para a vasectomia, não é mais necessária a aprovação prévia do marido ou da esposa.

cirurgia cesariana. Na foto, é possível ver um médico manipulando instrumentos na mesa de cirurgia e outros profissionais ajudando. Estão usando roupa de proteção azul, máscara e touca.
(asiseeit/Getty Images)

Dor, sexo e menstruação depois da laqueadura

Segundo o médico, os três grandes mitos relacionados à laqueadura são a dor, o aumento do sangramento e a diminuição da libido. “Nenhum dos três é cientificamente comprovado”, afirma.

Ele explica que qualquer cicatriz, como a de um corte no dedo, vai deixar a região mais sensível por um período. No entanto, o procedimento é tão pequeno que há poucas chances de que a pessoa sinta dores em função da cirurgia em si. “A expectativa é de que a mulher não tenha nenhum sintoma”, acrescenta.

Também não existe relação com a menstruação. “A trompa é um tubo, sem nenhuma função hormonal. O que se faz é colocar uma barreira nesse tubo”, diz Renato. Nos casos em que a ligadura tubária é feita no parto ou na cesárea, a menstruação volta após o espaçamento normal que ocorre depois de uma gravidez. Quando o procedimento é realizado em intervalos afastados de gestações, não interfere no ciclo menstrual.

Para retomar a vida sexual, quando há parto, o ideal é que a mulher aguarde os 45 dias recomendados durante o puerpério. “Nos outros casos, tão logo ela se sinta melhor depois do processo pós-operatório, a atividade sexual está liberada”, orienta.

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Como saber se a laqueadura deu certo?

A chance de haver alguma falha na laqueadura é muito pequena. De acordo com o especialista, existe um exame que mostra se a passagem pela tuba está obstruída ou não – mas, por conta dos riscos e da complexidade, não é recomendado que se faça. “A histerossalpingografia é um exame com contraste de iodo, mas o processo é doloroso e tem risco de reação anafilática, por causa do iodo. Como a laqueadura é feita com uma visão direta da trompa, não há necessidade de dupla checagem”, diz.

A laqueadura é reversível?

Sim, embora seja um método contraceptivo definitivo. “No entanto, não é tão acessível, porque depende de uma tecnologia específica para fazer a recanalização da trompa. Além disso, a eficácia da recanalização tubária não é muito alta”, comenta Renato, complementando que a taxa de sucesso da reversão costuma ser de 15 a 20%.

A partir do exame da histerossalpingografia, citado anteriormente, é possível saber se a tuba está permeável. Porém, ainda que esteja, isso não indica necessariamente que está funcional e que possa haver uma gravidez após a laqueadura.

Dá para fazer laqueadura pelo SUS ou pelo convênio?

A laqueadura pode ser feita pela rede pública. Para isso, a mulher deve procurar a Unidade Básica de Saúde mais perto de sua casa e manifestar o desejo de ligar as trompas. A partir daí, ela deverá ser encaminhada para as consultas com a equipe multidisciplinar enquanto aguarda o chamado “tempo de reflexão” de 60 dias. Com o aval em mãos, é encaminhada para o agendamento. Por determinação da Agência Nacional de Saúde (ANS), os convênios também cobrem procedimentos contraceptivos e de planejamento familiar, incluindo a laqueadura.

Continue atenta!

Um lembrete importante: a partir do momento em que você passa por uma laqueadura fica quase totalmente protegida de uma gestação indesejada. Mas é importante ter em mente que ainda é preciso se proteger – com preservativos, por exemplo – de infecções sexualmente transmissíveis.

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