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Uma mulher morre a cada dois minutos na gravidez ou no parto, diz ONU

De acordo com um novo relatório, um terço das gestantes de todo o mundo não fazem nem metade dos exames pré-natais recomendados

Por Isabelle Aradzenka
Atualizado em 23 fev 2023, 18h03 - Publicado em 23 fev 2023, 15h37

Com assistência médica adequada, esperança e alegria são sentimentos que (na maioria dos casos) acompanham uma gravidez. Em contrapartida, para milhões de mães que não têm acesso a cuidados básicos de saúde, a gestação pode ser uma experiência perigosa. “A cada dois minutos, uma mulher morre durante a gravidez ou o parto”, informa o relatório Tendências na mortalidade materna, divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em conjunto com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em 2020, foram 287.000 mortes maternas em todo o mundo. “Esse número de óbitos em um único ano é inconcebível. É inaceitável que tantas mulheres continuem morrendo desnecessariamente”, disse a diretora executiva do Fundo de População das Nações Unidas, Natalia Kanem.

A pesquisa rastreou dados nacionais e globais de 2000 a 2020. Até o ano de 2015, houve progresso no cuidado e assistência à gestação – e o número de mortes diminuía significativamente. A partir de então, houve uma estagnação e, em alguns casos, retrocesso.

Na Europa e América do Norte, a taxa de mortalidade materna aumentou 17% entre 2016 e 2020. Na América Latina e Caribe, a elevação foi de 15%. Em números totais, os óbitos se concentraram nas regiões mais pobres do globo – e afetadas por conflitos. Em 2020, a África subsaariana (composta pela África do Sul, Angola, Camarões, entre outros países) registrou 70% de todas as mortes maternas do mundo.

Mulher em hospital, usando roupa hospitalar, deitada e com as duas mãos sobre a barriga. Há um filtro vermelho sobre a foto.

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As principais causas foram sangramentos graves, pressão alta, infecções, complicações de aborto não seguro e doenças subjacentes. “Tudo isso é amplamente evitável e tratável com acesso a cuidados de saúde respeitosos e de alta qualidade”, afirma o relatório.

Segundo a pesquisa, um terço das mulheres não fazem metade dos oito exames pré-natais recomendados. Além disso, 270 milhões não têm acesso a métodos de planejamento familiar. As desigualdades de renda, educação e raça ou etnia também aumentam os riscos de morte. “Mulheres grávidas marginalizadas têm menos acesso a cuidados essenciais de maternidade, mas têm maior probabilidade de apresentar problemas de saúde subjacentes durante a gravidez”, diz a OMS.

Uma atenção primária à saúde poderia garantir o acesso a serviços essenciais de parto, cuidados pré e pós-natais, vacinação infantil, nutrição e planejamento familiar. De acordo com a OMS, o subfinanciamento dos sistemas de saúde, a falta de profissionais treinados e de suprimentos médicos ameaça o progresso. “Temos as ferramentas, o conhecimento e os recursos para acabar com as mortes maternas evitáveis; o que precisamos agora é de vontade política“, alertou Kanem.

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