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Versão Cefálica Externa (VCE): conheça a técnica que vira o bebê dentro do útero

A manobra que caiu em desuso após o boom de cesarianas no Brasil está de volta aos consultórios médicos como uma alternativa segura às mulheres que querem ter parto normal. Saiba mais!

Por Carla Leonardi (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 06h54 - Publicado em 26 set 2016, 16h15
Thinkstock/Getty Images
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É muito comum ouvir dizer que se o bebê chega às últimas semanas de gestação sem estar em posição cefálica (aquela em que ele fica de cabeça para baixo, encaixadinho, pronto para nascer), as chances de acontecer um parto normal são praticamente nulas. E para a mulher que sempre sonhou em dar à luz dessa forma, receber essa informação e ter que lidar com esse impedimento costuma ser muito frustrante. O que nem todas sabem, porém, é que em diversos casos isso não é definitivo. A Versão Cefálica Externa (VCE), técnica muito usada antigamente para girar o bebê dentro do útero, está voltando aos consultórios médicos como uma alternativa àquelas que têm todas as condições para um parto vaginal – menos a posição do pequeno. 

Como funciona
A VCE é uma manobra realizada externamente que faz o bebê que está na posição pélvica (sentado) ou transversal girar na barriga da mãe, só com a ajuda das mãos do médico que a realiza. E por mais que num primeiro momento isso possa parecer aflitivo ou arriscado, Caio Antonio de Campos Prado, especialista em Ginecologia, Obstetrícia e Medicina Fetal da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), afirma que é um procedimento considerado seguro. “Ele é recomendado pelas grandes sociedades internacionais que o veem como uma opção menos arriscada que a cesárea. São em torno de 6 complicações para cada 100 procedimentos realizados e a imensa maioria delas não são graves, como alterações dos batimentos cardíacos fetais ou sangramentos pequenos sem intercorrências. O risco de complicação grave fica em torno de 1%”, explica. 

É também por essa possibilidade de uma complicação séria que a Versão Cefálica Externa costuma ser realizada mais perto do fim da gestação, entre a 36ª e 38ª semana. Assim, caso seja necessário fazer um parto de emergência, o bebê já está a termo. Além disso, “embora quanto mais cedo, maior seja a taxa de sucesso, as chances de a criança voltar para a posição inicial aumentam. Entre as últimas semanas, a taxa de sucesso é um pouco menor, entre 65% e 70%, mas a probabilidade de a criança voltar também”, diz o especialista.

Contraindicações
Antes de a VCE acontecer, é feito um ultrassom e uma análise de alguns fatores que vão indicar se aquela grávida pode ou não passar por esse procedimento. “Não há contraindicações ‘formais’, não existe nenhum estudo científico que defina isso. O que a gente pode dizer é que há condições em que a técnica não é sugerida. Por exemplo, se a gestante tem um quadro hipertensivo, placenta de inserção baixa ou pouco líquido amniótico, a VCE não é indicada. Tem outras questões que também interferem, como um primeiro parto difícil ou uma gestante obesa… Além disso, temos que avaliar quando o risco de cesárea vai continuar alto mesmo após virar o bebê”, pondera Campos Prado. Ou seja, quando a cesárea não está diretamente relacionada à posição fetal, a manobra tende a se mostrar desnecessária.

O tamanho do cordão umbilical também pode ser um impedimento à VCE. Embora sua ocorrência seja rara, o cordão curto é uma contraindicação à técnica, já que, como essa condição impede a movimentação natural do bebê, “forçá-la” seria um erro. A circular de cordão também pode apresentar perigos à versão, mas sobre esse assunto – e sobre a antiga fama de que essa seria uma indicação de cesárea – o especialista afirma que “o cordão umbilical enrolado no bebê é mais frequente e sua ocorrência ficou cercada pelo mito de que acarreta ameaças para o feto. Lembro, porém, que a maioria deles apresenta alguma circular, mas como o cordão é gelatinoso, os riscos daí decorrentes são mínimos”. 

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A técnica
Para fazer a Versão Cefálica Externa, a gestante fica deitada de costas enquanto o obstetra “manuseia” o bebê externamente, para tirá-lo da posição pélvica – ou seja, ele vai “apertando” a barriga até que a cabeça do pequeno esteja para baixo e os pezinhos para cima. Durante o procedimento, a grávida sente a pressão no útero e a manobra é interrompida quando ela atinge o seu limite de dor. “Há especialistas que optam por realizar a VCE com a paciente anestesiada, mas isso traz um risco um pouco maior”, lembra o obstetra, ressaltando que toda anestesia traz seus perigos.

Como cada gravidez é única, cada manobra também será! Isso significa que não há uma cartilha que indique o tempo de duração ideal ou quantidade de vezes que a VCE pode ser aplicada. “Às vezes conseguimos virar em menos de 5 minutos, mas às vezes ficamos 30, 40 minutos… O que acontece é que, quando a gestante começa a ficar cansada, normalmente paramos e combinamos uma outra tentativa”, afirma o médico.

Outra questão que também varia de acordo com cada caso é o lugar em que a VCE vai ser feita. “Isso depende muito da experiência do profissional e da condição da gestante. Como a possibilidade de complicação é muito pequena, ela pode ser realizada em consultório mesmo. Mas caso a mulher se sinta insegura com isso ou o procedimento se mostre um pouco mais arriscado, pode ser feito em ambiente hospitalar”, esclarece o especialista.

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Abaixo, assista a uma gestante sendo submetida à Versão Cefálica Externa:

 

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