Em uma gravidez, as mudanças no corpo não ficam restritas à fase da gestação: depois do parto, é preciso aprender a lidar com outras novidades no organismo. Uma delas, fruto da cesariana, é a cicatriz da cirurgia.
Seja quando a cesárea é desejada pela gestante ou quando a cirurgia torna-se necessária, a cicatriz restante do parto costuma ter de 10 a 20 cm e fica na região do baixo ventre, abaixo da linha dos pelos pubianos.
Nas primeiras semanas, a maioria das cicatrizes tem um aspecto avermelhado. O inchaço costuma passar dentro de poucas semanas e, com alguns meses, a aparência da cicatriz é plana, fina e quase imperceptível.
No entanto, alguns problemas de pele podem surgir e gerar incômodos físicos e estéticos. Saiba como cuidar adequadamente da cicatriz de cesárea e driblar possíveis problemas.
Cuidados com a cicatriz da cesariana
Em geral, as cicatrizes são horizontais, mas em alguns casos de emergência, a incisão da cesárea é feita de forma vertical – do umbigo ao osso pélvico – para que seja possível acessar o bebê rapidamente.
Ainda no hospital, são colocados curativos adesivos sobre a incisão. Se usados, grampos cirúrgicos devem ser removidos em cerca de quatro dias. Os pontos são retirados em uma semana – mas hoje, a maioria das suturas são do tipo de que dissolve e não requer remoção.
Leva seis semanas para que o corte fique totalmente fechado. Depois que os curativos são removidos – seguindo o prazo indicado pelo obstetra –, as dicas de cuidado são simples: basta higienizar a cicatriz com água e sabão neutro, sem esfregar, e mantê-la seca.
Evite banhos de imersão nessas primeiras semanas. Usar roupas largas e de algodão também é recomendado. Cremes e pomadas só podem ser utilizadas após a cicatrização completa, e apenas com indicação médica – algumas substâncias são proibidas durante a amamentação.
Lidando com a dor na cicatriz
É normal sentir dor na cicatriz no início: é importante lembrar que aquela não foi uma incisão superficial, mas que camadas de músculos também foram cortadas e costuradas. Por isso, é recomendado cuidado ao se movimentar.
A puérpera deve ficar em repouso na primeira semana pós-cesárea, e as atividades físicas só voltam a ser permitidas com avaliação médica. Evite esforços físicos e use as mãos e pernas como apoio para se levantar da cama ou de cadeiras.
Além de dores, é comum sentir coceira nos primeiros dias. As responsáveis são as histaminas, substâncias que aumentam o fluxo de sangue e promovem a cicatrização.
Atenção para infecções
Se a dor vier acompanhada de inchaço, purulência, febre e odor ruim na cicatriz, não hesite em procurar um médico. Sangramento e aberturas na sutura também são sintomas de infecção.
As infecções na cicatriz da cesárea não são raras, e o tratamento envolve antibióticos e cuidados redobrados com curativos.
Ao sinal de sangramentos vaginais, incontinência urinária e inchaço nas pernas, contate o médico – infecções internas e outros problemas relacionados à cirurgia, como coágulos, podem estar ocorrendo.
Problemas na cicatrização
Passado o primeiro mês da cirurgia, a cicatriz já começa a ganhar um aspecto mais grosso e a coloração muda. Em alguns casos, pode haver excesso de crescimento de tecidos na cicatriz, e a coloração pode ficar muito escurecida.
Quando a cicatriz torna-se volumosa para além dos limites do corte, e a textura da pele fica em relevo, pode ser um caso de queloide. Alguns fatores genéticos influenciam o processo de cicatrização e podem gerar predisposição para formação de queloides.
Outra situação é a hipertrofia: a cicatriz fica em relevo e grossa, mas apenas nos limites da lesão. Em ambos os casos, tratamentos com laser podem ser feitos para modificar o aspecto da pele. Cicatrizes hipertróficas também podem ser tratadas com cirurgia plástica.
Fitas de silicone são outra dica para evitar a hipertrofia, mas só podem ser utilizadas após a cicatrização completa da ferida. Fazer massagens na região é outra dica para melhorar a flexibilidade da pele.
O istmocele é uma condição relacionada à cicatriz da cesárea, mas à cicatriz que se forma no útero. Ele ocorre quando uma pequena bolsa se desenvolve na parte interna da cicatriz. Em alguns casos, pode haver complicações como infertilidade, dor ao menstruar e durante o sexo, dor pélvica e sangramento vaginal.
Em casos de uma segunda gravidez após a formação de istmocele, há risco de gravidez ectópica na cicatriz ou rupturas no útero.