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É verdade que a mulher pode ter orgasmo no parto normal?

A Dra. Erica Mantelli explica a diferença entre o orgasmo que pode acontecer no nascimento do bebê e nas relações sexuais.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 25 mar 2020, 11h30 - Publicado em 17 fev 2020, 16h24
 (Bruna Sanches/Bebê.com.br)
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É raro, mas pode acontecer. “Na teoria, toda mulher poderia vivenciar um parto orgásmico, porém, na prática, a gente sabe que isso não acontece com todas. O parto é um evento natural, fisiológico, muito semelhante a um ato sexual. Os hormônios envolvidos durante o trabalho de parto, e mesmo a passagem do bebê pela pelve da mulher, vão estimular tanto hormônios quanto musculaturas que também estão relacionados ao orgasmo”, explica Erica Mantelli, ginecologista, obstetra e especialista em saúde sexual.

A principal substância fabricada pelo corpo feminino nos dois momentos é a ocitocina, conhecida popularmente como “hormônio do amor”. Além dela, há também o trabalho de neurotransmissores, como a serotonina e o triptofano, que resultam na sensação de prazer. Junto com esses picos hormonais, a passagem em si do bebê também coopera para um possível orgasmo durante o parto, pois o canal vaginal é revestido pelas terminações nervosas do clitóris, órgão feminino responsável pelo prazer da mulher.

Só que mesmo com a relação entre as duas situações, Erica reforça a importância de entender que o orgasmo que pode acontecer durante o parto não traz a mesma conotação das relações sexuais. 

“É o prazer extremo de uma conquista, de ter o seu corpo entregue para uma sensação de energia, de estar vivenciando algo íntimo com a sua natureza feminina. Não é um orgasmo exatamente igual ao que a mulher tem uma relação sexual com o seu parceiro ou parceira. O orgasmo é uma sensação máxima de prazer que ocorre quando a mulher é estimulada sexualmente e o parto está relacionado com o máximo do feminino da mulher”, detalha Erica.

Por essa subjetividade do que significa ter um parto orgásmico e também do que a mulher reconhece como sinais de orgasmo (há quem se sinta relaxada e quem sinta o corpo trêmulo, frequência cardíaca aumentada e contrações involuntárias na vagina, por exemplo), a especialista reforça o porquê do pico de prazer poder acontecer, mas ser raro.

“O trabalho de parto é muito complexo. Há quem consiga ressignificar a dor, estar envolvida com aquele momento, vivenciar totalmente a ação da ocitocina e entender que a dor dela não precisa ser um sofrimento, mas isso não acontece com todas as mulheres. Vai depender da assistência que ela está recebendo, por exemplo, o que pode acontecer com mais facilidade nas mulheres que vivenciam o parto humanizado, que se sentem empoderadas, que deixam o corpo delas trabalharem, que vão confiando mais na natureza. Só que isso não é uma regra. Têm mulheres que podem vivenciar a exceção realmente, e têm mulheres que vão ter um parto lindo, natural, humanizado, que também poderão não sentir”, finaliza a médica.

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