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12 dúvidas sobre a diarreia de verão em crianças

Ela pode durar até uma semana e as principais vítimas são as crianças pequenas. Mas não se desespere, porque vamos mostrar como você deve agir.

Por Redação Bebê.com.br
Atualizado em 22 out 2016, 20h27 - Publicado em 20 Maio 2015, 11h51

Especialistas costumam afirmar que diarreia está para o verão assim como as doenças respiratórias estão para o inverno. O culpado por tanto mal-estar na criançada é desconhecido. “Existe uma infinidade de agentes que podem desencadear os mesmos sintomas: dor de barriga, febre, diarreia…”, justifica Antônio Carlos Madeira, diretor do Hospital Municipal Menino Jesus, na capital paulista. Uma coisa é certa: não se trata do famoso rotavírus, porque esse tipinho gosta mesmo é de dias frios. “De todo jeito, qualquer que seja o responsável, o tratamento é basicamente o mesmo”, afirma.
 
Para que você se sinta segura, procuramos pediatras experientes para tirar as principais dúvidas sobre os cuidados com os bebês durante a temporada de verão. Confira:
 
1. E se a diarreia não for uma simples virose? Ela não pode ser causada por uma bactéria?
Até pode. No calor do verão, a conservação dos alimentos costuma ficar comprometida, favorecendo o desenvolvimento de bactérias que atacam o intestino. Sem contar que até o gelo daquele copo de suco ou que o sorveteiro usa para manter seus picolés pode ter sido feito com água contaminada. Mas não fique se perguntando o que estaria por trás das crises de cocô mole, porque isso não importa tanto. “A não ser que uma infecção intestinal causada por bactérias se agrave bastante, o que felizmente não é comum, a conduta que você terá de tomar será a mesma”, afirma Antônio Carlos Madeira.
 
2. Quais os sintomas dessa infecção intestinal são considerados normais?
Muita diarreia, dores abdominais intensas que fazem a criança chorar o tempo todo e febre alta são inevitáveis. Alguns pequenos apresentam crises de vômito nos primeiros dias ou, no mínimo, uma sensação de enjoo. “Numa disenteria, que é o nome usado quando a infecção é bacteriana, pode haver inclusive eliminação de sangue e de catarro ao evacuar”, esclarece Paulo Pachi, pediatra e professor da Santa Casa de São Paulo. “As mães ficam assustadas com isso, mas também é esperado.”
 
3. Como o meu filho pode pegar uma doença dessas?
“No caso das viroses, ou melhor, das enteroviroses – como nós, médicos, chamamos as viroses que atacam o sistema gastrointestinal –, a transmissão é pelo contato com saliva e fezes contaminadas”, explica Antônio Carlos Madeira. Ou seja, se uma criança pega o brinquedo que outra, doente, levou à boca, pronto! Outro exemplo: se a mãe, depois de levar um filho ao banheiro, não lava as mãos direito em seguida e vai ajudar o outro, ela logo ficará com duas crianças com a virose. E assim por diante.

Já as infecções intestinais bacterianas são contraídas pelo contato ou consumo de água contaminada ou pela ingestão de comidas estragadas. “É preciso ter cuidado principalmente com alimentos mais cremosos, como maioneses e molhos, que são fáceis de deteriorar”, alerta Paulo Pachi.
 
4. O que pode ser feito para prevenir essa dor de barriga?
“O fundamental é cultivar os bons hábitos de higiene. Só assim você diminui o contato com os agentes causadores das infecções intestinais”, responde Paulo Pachi. “Lavar bem as mãos ao entrar e sair do banheiro ou depois de trocar a fralda do bebê é indispensável”, lembra. Procure lavar também aqueles brinquedos compartilhados com outras crianças. E, claro, só ofereça ao seu filho alimentos adquiridos em locais que primam pela limpeza. Se há um surto na cidade em que você está, prefira ainda água mineral ou fervida, em vez de arriscar a do filtro. Essas são as medidas clássicas para evitar dores de cabeça – ou melhor, de barriga.
 
5. Se eu vacinei meu filho contra rotavírus, posso relaxar?
“A vacina contra o rotavírus é específica para esse agente e não protegerá a criança de outras viroses, tampouco de uma bactéria”, informa Marco Aurélio Safadi, pediatra e infectologista do Hospital e Maternidade São Luis, em São Paulo. “Além do mais, a rotavirose não aparece no verão, mas no inverno”, esclarece o médico. Ou seja, apesar de ser uma vacina muito eficiente, ela não vai proteger seu filho de diarreias no verão.
 
6. O que eu faço se o meu filho ficar com a diarreia?
Sua primeira preocupação deve ser garantir que ele se mantenha hidratado. “O ideal seria a criança beber líquido em quantidade proporcional àquela perdida na evacuação”, diz Marco Aurélio Safadi. Quando há crises de vômito, a missão até parece impossível. Isso porque, depois de engolir um copo de água, surge a ânsia de botar tudo para fora. “Se ela está muito enjoada, o melhor é oferecer três goles de líquido em intervalos de dez ou quinze minutos”, dá a dica Paulo Pachi. Qual bebida é a melhor nesses casos? Qualquer uma a que ela esteja acostumada – seja seja água pura, um suco, água de coco… Você também pode tentar oferecer o soro caseiro. Outra medida recomendada é, na medida do possível, deixar o seu filho em local fresco e arejado, com pouca roupa – e, claro, evitar o sol. Ora, o calor só fará seu organismo perder mais líquido para manter a temperatura corporal.
 
7. Devo oferecer alguma medicação para tratar a diarreia?
Você não deve fazer nada, absolutamente nada, para acabar com o cocô mole. Essa é uma reação de defesa do intestino, que está tentando, literalmente, eliminar um agente agressor. Frear esse processo pode prolongar o quadro de infecção em vez de ajudar. É preciso dar o tempo necessário para o corpo fazer essa limpeza interna. “A diarreia, de modo geral, é um quadro benigno e o organismo consegue se recuperar sozinho”, explica Antônio Carlos Madeira.
 
8. Remédios para diminuir o enjoo são indicados?
“É muito pouco provável que tenham utilidade”, responde Antônio Carlos Madeira. A criança tende a vomitar a dose ao tomar a medicação oral. “E, no caso dos supositórios, o intestino irritado não consegue absorver a droga”, completa o pediatra. O melhor remédio, portanto, é a paciência.
 
9. Não vale dar algum remédio para gases ou para recompor a flora intestinal?
“Essas iniciativas terapêuticas não interferem na melhora do quadro e a automedicação não deve ser estimulada”, diz Marco Aurélio Safadi. Alguns pediatras, porém, indicam esse tipo de medicação, além de analgésicos capazes de diminuir a febre e o desconforto geral. Fique claro que nenhum medicamento faz a infecção intestinal passar mais depressa. O importante é que você siga as orientações do médico do seu filho à risca no que diz respeito aos remédios.
 
10. E como fica a alimentação durante o período da doença?
Em primeiro lugar, aceite a seguinte realidade: com tanta dor de barriga e náusea, provavelmente seu filho irá recusar comida nos primeiros dias. Relaxe, ele não vai morrer de fome. Lembre-se de que a sua preocupação número 1 deve ser com a reposição de líquidos e não com a comida.

Se ele aceitar comer, ótimo. Ofereça o que despertar seu apetite. Isso mesmo: não fique só oferecendo batata e banana amassada, alimentos que supostamente ajudariam a prender o intestino. “Não se faz aquela dieta restritiva de antigamente. A criança deve comer e beber o que quiser”, garante Paulo Pachi. Até leite, considerado laxativo? “Sim, antes leite do que nada”, afirma o pediatra Antônio Carlos Madeira.

O leite, uma papinha doce e outros podem até fazer o intestino trabalhar mais depressa. Só que não causam diarreia em situação normal. Moral da história: se o cocô mole do seu filho durar um dia a mais, não terá sido porque ele ingeriu isso ou aquilo e, sim, porque ele ainda não se recuperou totalmente.
 
11. Em quantos dias os sintomas tendem a passar?
Varia de organismo para organismo. Em geral, levam de quatro a cinco dias, embora algumas diarreias durem uma semana. O enjoo e a febre vão embora nos dois ou três primeiros dias.
 
12. Quando recorrer ao pronto-socorro?
Uma diarreia longa pode ferir a mucosa intestinal e até causar um suave sangramento. Se a perda de sangue for discreta, não haverá motivo para ir ao pronto-socorro. “Mas, se a criança elimina muito sangue ao evacuar ou têm sinais de desidratação severa vale procurar assistência médica”, recomenda Marco Aurélio Safadi.

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