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Crianças podem usar fones de ouvidos? Veja o que dizem os especialistas

Os aparelhos podem facilitar passeios em locais públicos ou as atividades dos pequenos, mas devem ser usados com moderação e com atenção ao volume.

Por Isabelle Aradzenka
7 jan 2022, 14h00
menina com fones
 (simon2579/Getty Images)
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Com vídeos, podcasts e até os joguinhos infantis marcando cada vez mais presença na rotina das crianças, não é incomum que os pais sintam a necessidade de regular o som dos aparelhos eletrônicos dentro de casa ou durante um passeio em público.

No entanto, antes de ir oferecendo fones de ouvidos aos pequenos que já utilizam as telinhas, é importante entender que o dispositivo demanda certas precauções quando utilizado pelo público infantil. “Os fones modificam a percepção do ambiente em que estamos de modo proporcional ao volume que eles estão sendo utilizados, e com as crianças isso não é diferente. Elas acabam se fechando para o mundo do lado de fora e ficam ali só focadas naquilo que está sendo reproduzido”, explica Isabela Minatel, psicopedagoga e consultora de família.

Permitir o uso dos fones de ouvido para a criança focar em um filme, nas aulas ou atividades que demandam maior concentração pode ser positivo, pais, mas a especialista complementa que é preciso sempre estar atento para a eventual exposição a conteúdos inadequados. 

Fones de ouvido só com supervisão!

Quando os pequenos estão imersos com os fones, é natural para os pais perderem a noção do que está sendo consumido pelo filho ou o que ele está recebendo de informação, principalmente em canais que contenham reprodução automática dos conteúdos da própria plataforma ou jogos que permitem interação por voz.

Sendo assim, é importante encarar o dispositivo como uma ferramenta que, para ser proveitosa e adequada aos pequenos, deve ser utilizada com consciência e acompanhamento dos responsáveis.

Indo para além da questão sobre a segurança, que é indispensável quando estamos falando das crianças no ambiente online, limitar a exposição aos fones apenas às situações essenciais – como em reuniões ou saídas em público – também é uma forma de se conectar melhor com os gostos e as atividades do filho.

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“É importante deixar para usar os fones de ouvido somente em casos específicos, não como o habitual, tanto para que os pais saibam que tipo de conteúdo as crianças estão acessando, quanto para que eles participem da vida delas de uma maneira direta, ouvindo o que elas ouvem, entendendo as suas afinidades e os interesses em comum. É assim que os vínculos se desenvolvem e se fortalecem”, esclarece a psicopedagoga.

garotinha e pai com fone de ouvido
(Pexels/Pexels)

Cuidado com o volume!

Além das ressalvas em relação à forma que os pequenos utilizam os fones de ouvido, há outra questão que deve ser levada em conta: o volume.

Maura Neves, Otorrinolaringologista pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), explica que volumes altos em fones de ouvido são mais prejudiciais à saúde do que os provenientes de caixas de som, por exemplo. Isso porque os aparelhos entregam o áudio diretamente à membrana timpânica, ou seja, há menor dispersão do barulho para o ambiente.

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“A exposição crônica a volumes elevados pode trazer consequências como a perda de audição em faixas de frequência específicas e presume-se que os danos à criança ocorrem nos mesmos níveis dos adultos”, explica Maura.

Junto à preocupação com a altura do volume nos fones, o tempo de uso dos aparelhos também deve ser monitorado de perto, visto que lesões auditivas são frutos de uma relação entre tempo e intensidade de exposição ao som. Portanto, a criança não deve ser submetida a ruídos acima de 70 a 80 decibéis por 8 horas ou mais ao dia.

“Perdas auditivas na fase infantil trarão reflexos na audição no decorrer da vida. Sendo assim, é preciso limitar o volume máximo do aparelho para evitar que a criança seja exposta a alturas excessivas. Além de controlar o tempo de uso dos fones e, portanto, das telas, que não deveriam ser indicadas aos pequenos abaixo de dois anos”, esclarece Maura.

Se for usar, escolha o modelo adequado!

Se depois de refletir sobre o uso dos fones, os cuidadores decidirem que eles podem ser proveitosos para a criança, está na hora de escolher um aparelho que seja apropriado para os pequenos.

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Saramira Cardoso Bohadana, otorrinolaringologista do Sabará Hospital Infantil, explica que os fones de ouvido no estilo concha são os mais indicados para o público infantil. Além disso, é essencial que o modelo tenha controle máximo de volume, para que ele não aumente acidentalmente.

Por fim, a dimensão do aparelho também não deve ficar de fora na hora da compra. Maura complementa que o tamanho do fone deve ser compatível ao da criança. 

As consequências não são apenas para a audição…

Outro ponto considerado pela especialista é que a exposição a ruídos ambientais, ou melhor dizendo, os barulhos cotidianos de carros, aparelhos eletrônicos e até os industriais, mesmo que isolados, já estão ligados a alterações de concentração, sono, estresse e capacidade de aprendizado nos adultos.

E as crianças também não escapam, podendo sofrer com redução da função cognitiva, incapacidade de concentração, aumento da ativação psicossocial, nervosismo e desamparo.

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“Se somarmos tudo isso ao uso de fones, a exposição global a ruídos será bastante elevada e os problemas não serão apenas auditivos. Viver em ambientes lotados e barulhentos está associado a riscos para a saúde das crianças, incluindo aumento do estresse”, complementa Maura.

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