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Higiene natural: conheça os prós e contras desse método

Saiba o que especialistas têm a dizer sobre a técnica que incentiva os pequenos a não usarem fraldas desde cedo.

Por Luísa Massa
Atualizado em 28 out 2016, 00h59 - Publicado em 2 jun 2015, 09h23

Você já pensou em deixar seu bebê sem fraldas com apenas poucos meses de vida? Alguns pais, sim. O número de adeptos do método de higiene natural ou comunicação de eliminação vem crescendo no mundo todo. A técnica incentiva os cuidadores a perceberem os sinais que a criança apresenta quando ela está com vontade de fazer xixi ou cocô. Os pais transportam o pequeno para o penico e as fraldas são eliminadas,

O recomendado é que a higiene natural comece a ser aplicada com o recém-nascido de até três meses de idade. A psicóloga Adriana Nabahan Braga explica que este método é antigo, usado com frequência na Ásia e na África, onde o hábito de usar fraldas não é comum.

Os sinais 

Como saber quando os pequenos querem fazer suas necessidades fisiológicas? Alguns sinais comuns podem ser observados: os bebês ficam vermelhos, olham fixamente para um ponto, movimentam as perninhas unidas à barriga e apresentam o corpo mais rígido.

“O primeiro procedimento para assumir o método é aprimorar e elaborar a observação para fazer uma boa leitura do comportamento do bebê”, explica Adriana. Como o recém-nascido não tem desenvolvimento motor pronto o suficiente para se sentar no penico, os pais devem ajudá-lo.

Adeptos do método defendem os benefícios: ele evita assaduras e contribui para o conforto do pequeno, ajuda na criação da consciência corporal, melhora a comunicação entre pais e filhos, economiza dinheiro e gera menos lixo para o planeta. Mas é preciso lembrar que a técnica exige disponibilidade e calma dos pais. “A higiene natural é um trabalho de condicionamento e treinamento que deve exigir paciência, persistência e dedicação dos cuidadores”, completa Adriana.

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Outro lado

Especialistas alertam quanto à aplicação da higiene natural, pois não há nenhum estudo a longo prazo que comprove que a técnica não apresenta riscos para as crianças. Para o pediatra José Paulo Vasconcellos Ferreira, mestre em desenvolvimento infantil e membro da diretoria do Conselho Científico de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria, o bebê não está preparado para isso, nem do ponto de vista muscular nem emocional. “Você pode até condicionar a criança, mas ela ainda não está pronta. Ela deve passar por várias etapas no desenvolvimento para adquirir essa habilidade”, ressalta.

“Esse processo deve acontecer naturalmente. A mãe segurar o bebê (no penico) é antinatural. Essa questão da modernidade é complicada porque as pessoas atravessam a evolução do próprio corpo”, completa Maria Edna Scorcia, bióloga e diretora pedagógica do Colégio Joana D´Arc, em São Paulo.

Como fica a questão psicológica?

O lado psíquico também é uma grande preocupação dos cuidadores. Afinal, a higiene natural pode forçar o amadurecimento precoce do bebê? Adriana acredita que o método auxilia no desenvolvimento da criança, levando-a a uma experiência que pode gerar bons resultados ou não. “Quanto mais natural for, melhor. Assim, a experiência na vida do bebê deixará boas lembranças para sua vida adulta”, ressalta. A psicóloga Eliana de Barros Santos defende que a técnica é apenas mais uma forma dos cuidadores se comunicarem com o pequeno. “Sendo bem aplicada, ela pode ser um meio de aproximar os pais da criança, já que eles precisam estar muito atentos à comunicação do filho”, adverte.

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Alguns pais  ficam receosos de que o método gere uma dependência afetiva entre eles e a criança, já que os cuidadores devem estar sempre perto para interpretar os sinais do bebê, que ainda não sabe se expressar verbalmente. Para Eliana, isso não deve ser uma preocupação, pois quando pequena, a criança depende dos cuidados dos pais em diversos aspectos. Já Vasconcellos, questiona. “Com o pai e a mãe vigiando a criança o tempo todo, pode ser prejudicada a capacidade dela de lidar com as frustrações futuras e de ser independente”, observa.

É essencial que os progenitores se informem sobre o método antes de tentar usá-lo nos filhos. Conversar com o pediatra e explicar como está a adaptação da criança é essencial. Na hora de fazer essa escolha, Adriana adverte que os cuidadores devem entender que, como toda técnica, há normas, regras e limites para serem refletidos. “O ato envolve um bebê que precisa ser atendido pelos pais dentro de um contexto afetivo e emocional”, revela a psicóloga.

Além disso, é preciso lembrar que cada criança tem o seu tempo.  Às vezes, o que funciona para uma, não funciona para a outra. Mas, e se a técnica não der certo? “Nesse caso, os pais podem voltar a usar fraldas nos pequenos”, orienta Vasconcellos.

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