Essa rotina matinal provavelmente você já conhece: nos levantamos, escovamos os dentes e seguimos com nosso dia. O mesmo se aplica para a noite: higienizamos nossa boca para então nos deitarmos para dormir. Enquanto os cuidados com a saúde bucal já são “obrigatórios” para os adultos – e ensinados desde sempre aos pequenos -, a limpeza do nariz geralmente fica esquecida, e só ganha um espacinho na rotina quando passamos por infecções ou por uma congestão.
Acontece que, com sintomas ou não, a higiene nasal é tão importante quanto qualquer outra prática de bem-estar, sobretudo se estamos nos referindo às famílias que moram em grandes cidades (ambientes que estimulam o acúmulo de secreções nas narinas devido à baixa umidade do ar e ao excesso de poluição) e ao público infantil, que não tem o sistema imunológico amadurecido.
“Nós devemos lembrar que o nariz é a porta de entrada do sistema respiratório. Se a porta da sua casa está suja, todas as visitas que entrarem vão levar a sujeira para dentro, por exemplo. Então, precisamos sempre manter a ‘porta de entrada’, as narinas, bem limpas para impedir que agentes estranhos, como vírus, bactérias e alérgenos, entrem no sistema respiratório e causem crises de bronquite e viroses, principalmente nas crianças”, explica Tadeu Fernando Fernandes, membro do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).
Levando em consideração a grande quantidade desses agentes agressores que existem no ar, o ideal na hora de limpar as secreções que se acumulam nas vias aéreas é fazer uma lavagem nasal. “Mesmo para os adultos, que já sabem como assoar o nariz, o recomendado é fazer uma higiene completa no dia a dia”, explica o pediatra. Além disso, em situações de resfriado, congestão nasal e rinite alérgica, a prática é permitida quantas vezes forem necessárias para o nariz estar higienizado.
Como fazer lavagem nasal?
Na hora de limpar as narinas das crianças, nem pense em utilizar apenas água. O ideal é investir na lavagem nasal com soro fisiológico. “Diferente do soro [água com sal], só a água não hidrata a região e precisamos de algo que a hidrate, além de que o sal também tem ação antisséptica”, pontua Tadeu.
Os pais ainda devem prestar bastante atenção na temperatura do composto antes da aplicação. Como as narinas funcionam em temperatura ambiente, nunca use o soro gelado, orienta o pediatra.
É indicado usar seringa para lavagem nasal?
Esse, provavelmente, é um método que muitos pais já viram pela internet. No entanto, o pediatra afirma que a utilização de seringas para lavagem nasal é contraindicada. “Quando usamos a seringa, o resultado vai depender muito da força de quem está aplicando. Por isso, se é colocada muita força, o produto pode ir para dentro do sistema respiratório”, completa.
O conta-gotas, velho conhecido nosso, também não é a ferramenta mais adequada para fazer uma lavagem correta, tanto em crianças quanto em adultos. “Quando pingamos o soro dessa forma, grande parte do produto volta para fora das narinas ou é engolido. Por isso, esta técnica foi abandonada”, diz o especialista.
O melhor método para fazer a lavagem nasal é através dos aerossóis (sprays para o nariz), que irão espirrar o soro por meio de micropartículas de água, reduzindo o risco de o produto ir para o pulmão ou de engasgamento, e ainda deixando a criança mais confortável na hora da limpeza.