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MIS-C: Complicação inflamatória da Covid-19 em crianças agora tem nome

O quadro raro, que era tido como um tipo de Doença de Kawasaki, está sendo mais compreendido pelos médicos. Confira as novidades sobre o assunto.

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 21 set 2021, 14h39 - Publicado em 27 Maio 2020, 18h55
criança com febre
Dentição do bebê: Cuidado! Febre alta é sinal de alerta para infecções (yaoinlove/Getty Images)
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Desde abril, pipocaram pelo mundo relatos de crianças desenvolvendo uma versão mais grave da Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. 

O quadro, uma inflamação intensa e generalizada, que pode ameaçar órgãos vitais, era inicialmente tido como uma manifestação atípica da Doença de Kawasaki, complicação já conhecida em outras condições autoimunes e infecciosas. 

Recentemente, algumas diferenças ficaram mais claras, e agora há um nome próprio para o problema: Síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica associada à Covid-19, ou MIS-C, na abreviação em inglês. 

Ainda não há dados sobre a incidência da síndrome e nem ela está totalmente elucidada, mas se sabe que é uma ocorrência rara, e que as crianças tendem a se recuperar. Até agora, cerca de cem ocorrências foram descritas em estudos ou anunciados por profissionais de saúde, e menos de cinco mortes observadas entre elas. 

De qualquer maneira, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) emitiu recentemente um documento chamando a atenção de pediatras para detecção precoce, diagnóstico e tratamento do quadro. 

O que é Síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica?

Trata-se de uma resposta exagerada do organismo à infecção provocada pelo novo coronavírus. Para avisar o sistema imune que algo está errado, os locais atacados liberam substâncias inflamatórias. Só que, quando produzidas aos montes, elas acabam promovendo inflamações “negativas em outros locais”. 

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Assim como ocorre com a Doença de Kawasaki, o que parece ocorrer na MIS-C é um ataque intenso dessas moléculas nos vasos sanguíneos, o que provoca problemas em vários órgãos e pode levar, em última instância, a acidentes vasculares cerebrais, paradas cardíacas e lesões renais.   

Febre alta e persistente, necessidade de oxigênio (mesmo sem sintomas respiratórios) e hipotensão arterial foram os sintomas mais descritos até agora pela ciência. Além deles, dor abdominal, náusea, vômitos, confusão mental, conjuntivite, diarreia e alterações das mucosas, como inchaço nos lábios e alterações na língua, também apareceram nos estudos.  

Quem está mais em risco?

Os adultos enfrentam um fenômeno parecido, a chamada tempestade inflamatória, mas se achava que o sistema imunológico infantil não era robusto o suficiente para promover algo do tipo. Falta justamente descobrir porque algumas crianças têm essa reação. 

“Pode ser algo de natureza genética, como uma mutação de um gene envolvido nos processos inflamatórios, mas por enquanto o que temos são apenas especulações”, comenta Natasha Slhessarenko, pediatra e patologista clínica da Dasa, grupo que reúne laboratórios de análises clínicas como o Alta e o Delboni Auriemo. 

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O curioso é que, diferente dos adultos, ela não parece estar ligada à gravidade dos sinais clássicos da Covid-19. “A maioria das crianças observadas nos estudos até agora não tinham tosse, dor de garganta ou sinais de comprometimento respiratório”, destaca Natasha. 

Diferenças para Kawasaki 

Boa parte da manifestação da Síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica lembra mesmo a Doença de Kawasaki (que já abordamos aqui). Mas há particularidades desta novidade, daí a diferenciação que está sendo feita pelos médicos. 

Uma delas é a idade. “A Kawasaki é basicamente uma doença de crianças pequenas, que até são acometidas na síndrome, mas a incidência é muito maior na segunda década de vida”, pontua Natasha. Os sintomas também parecem diferentes. “Os portadores do novo quadro têm dores abdominais e diarreia mais intensos, tanto que alguns foram internados com suspeita de apendicite”, explica a médica. 

Nos próximos meses e anos, mais estudos devem esclarecer os mecanismos por trás da síndrome, quem está em maior risco de desenvolvê-la e até mesmo se ela tem mesmo algo a ver com a Covid-19. 

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Como se sabe que algumas infecções virais desencadeiam mesmo quadros semelhantes a esse, é provável que haja sim uma conexão, mas os estudos até agora são observacionais, ou seja, não se comprovou uma relação direta entre as coisas. 

Por último, vale reforçar que não há motivos para pânico, já que a grande maioria dos casos de Covid-19 em crianças é leve ou assintomático. Veja quando procurar ajuda médica

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