Seja pelos vários benefícios que proporciona ao pequeno através do contato pele a pele e pela amamentação, o papel da mãe é muito importante nesta nova vida que se inicia e pode, inclusive, ajudar no bem-estar do recém-nascido durante períodos de internação.
O achado recente é da Universidade de Gênova, na Itália. Os pesquisadores notaram que os prematuros que estavam em Unidades de Terapia Intensiva sentiam menos dor ao ouvir a voz da mãe durante procedimentos médicos. Além disso, foi constatado um aumento significativo no nível do hormônio ocitocina nos bebês participantes.
“A ocitocina é conhecida por estar envolvida nos processos de vínculo e na sensibilidade materna. O hormônio também pode ter efeito protetor contra os efeitos da dor”, explicou a Dra. Manuela Filippa, uma das autoras do estudo.
Para chegar a essas conclusões, o grupo de estudiosos investigou 20 bebês que nasceram antes da 37ª semana de gestação e comparou a resposta deles enquanto tiravam sangue em três condições diferentes: quando sua mãe falava; quando a mãe cantava uma música; e uma última situação sem a presença materna.
Já para medir o nível de dor da criança, foram avaliadas as suas expressões faciais, os batimentos cardíacos e o nível de oxigênio. Enfim, chegou-se à classificação usando o chamado “Perfil de Dor em Bebês Prematuros”, que elenca a sensação em uma escala de 0 a 21.
De acordo com os pesquisadores, o índice de dor dos prematuros caiu de 4,5 para 3 quando ouviram a voz da mãe falada – redução significativa para esta faixa etária. Já quando ela cantava, a queda foi para 3,8.
A diferença, como esclarece Dra. Filippa, pode ter relação com a adaptação da voz da mãe, que muda menos suas entonações vocais ao cantar, provavelmente por constrangimento. “Quando está falando, ela instintivamente modula a voz para acalmar o bebê”, conclui.
A importância dos achados
Apesar das limitações do estudo, ele pode proporcionar ferramentas importantes no cuidado com os prematuros, principalmente levando em conta que nem todos os medicamentos são indicados (e benéficos) para os recém-nascidos. “Nós estamos tentando achar formas não-farmacológicas de diminuir a dor nesses bebês”, disse a médica.
Segundo ela, os resultados comprovam a importância de manter mães e filhos próximos mesmo na UTI. “A mensagem principal é que precisamos envolver a família no tratamento desses bebês prematuros, e também em situações difíceis como procedimentos dolorosos, usando a voz”, completou a autora.