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Quem pode ser doadora de óvulos no Brasil?

Saiba qual é o intervalo de idade considerado adequado, quais são as principais questões de saúde avaliadas e como se dá o processo

Por Carla Leonardi
5 fev 2023, 14h00

A ovodoação – ou seja, a doação de óvulos – é uma prática que permite a muitas mulheres a realização do sonho de uma gravidez. Ela pode ser direta entre parentes de até quarto grau ou anônima (doa-se sem saber para quem os óvulos serão destinados). De qualquer forma, no país, ela não pode ser remunerada de forma alguma.

“No Brasil, de acordo com as normas do Conselho Federal de Medicina, a idade mínima para doação de óvulos é de 18 anos e, a máxima, de 37 anos”, explica a Luciana Delamuta, ginecologista e obstetra pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e especialista em Reprodução Humana pela mesma instituição. Além da questão etária, há requisitos médicos para que uma mulher se torne doadora. Por exemplo, ela não pode ter doenças crônicas ou histórico importante de doenças na família (principalmente as genéticas).

“São realizados alguns exames para triagem das possíveis doadoras, principalmente de ordem infecciosa: exames de sorologia para HIV, hepatite, sífilis, entre outros, além de algumas infecções ginecológicas. Também é realizado o exame do cariótipo, para analisar a parte genética da paciente, bem como uma avaliação da reserva ovariana. Essa geralmente é feita por ultrassom transvaginal ou também por alguns exames de sangue específicos, para avaliar se ela tem ovários com uma reserva adequada e se conseguirá produzir a quantidade de óvulos para ser doadora”, acrescenta a especialista.

Luciana conta que doenças de base, como diabetes e hipertensão, apesar de serem multifatoriais, podem ter alguma predisposição genética e, por isso, mulheres que apresentam essas questões de saúde estão inaptas para doação.

Na foto, aparecem as mãos e um pedaço do corpo de uma mulher que está sentada, respondendo a um questionário. Ela segura uma prancheta sobre as pernas e, com a mão esquerda, segura uma caneta com a qual responde perguntas em uma folha de papel.
(Alex Green/Pexels)
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Como funciona a doação de óvulos?

Como já sabemos, a doação pode ser direta entre parentes de até quarto grau, mas vale ressaltar que isso é só possível desde que não haja consanguinidade quando ocorrer a formação dos embriões, ou seja, com o pai. Além dessa situação, a outra possibilidade é a doação anônima, que não é destinada a uma determinada pessoa. “Nesse caso, é realizado o que nós chamamos de pareamento: temos uma doadora, com algumas características específicas, e dentre as pacientes que estão na fila para receber óvulos, nós avaliamos a que está mais adequada para o perfil da doadora, em geral em relação a características físicas mais parecidas com as dela“, explica a Luciana Delamuta.

Essa doação pode ser altruísta – ou seja, voluntária – ou aquilo que se chama de doação compartilhada, como explica a médica: “Uma paciente que precisa de um tratamento de reprodução assistida doa parte dos seus óvulos para uma paciente que não tem condições de produzi-los, e com isso ela ganha um desconto no tratamento”.

A questão é que não existe um banco de óvulos nacional no país, então, a mulher que tem interesse em doar os óvulos deve buscar uma clínica de reprodução assistida e manifestar sua vontade. Com todas as questões burocráticas acertadas, a doadora passará por um processo de medicações – em geral, injetáveis – para estimular a produção de óvulos. São as mesmas usadas na FIV e esse período dura em torno de 12 a 14 dias.

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“O objetivo dessas medicações é fazer com que cresçam vários folículos ao mesmo tempo e não só um, que é o que acontece num ciclo menstrual natural. A partir do momento em que esses folículos atingem o tamanho adequado, é realizada a coleta dos óvulos, processo que costuma ser tranquilo e minimamente invasivo, já que é guiado por um ultrassom transvaginal e sob sedação, durando em torno de 15 a 20 minutos”, finaliza Luciana.

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