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Saúde dos olhos: 8 doenças oftalmológicas que afetam os bebês

Consultamos especialistas para saber quais são as doenças que mais costumam prejudicar a visão dos pequenos, seus sintomas e opções de tratamento.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 26 jul 2017, 17h44 - Publicado em 1 set 2015, 17h32
Bodler/Thinkstock/Getty Images
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Felizmente, boa parte dos problemas de visão que acometem recém-nascidos e crianças de até 2 anos são raros. Mas isso não significa que não merecem atenção especial – a maioria dessas doenças ameaça (e muito!) a saúde dos olhos. Os cuidados devem começar já na maternidade, quando se faz o Teste do Olhinho, um exame imprescindível para detectar enfermidades graves. “Ele vê se existe qualquer alteração dentro do olho, na retina, no cristalino, na córnea…”, explica Paulo Schor, chefe do departamento de oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O procedimento consiste na identificação de um reflexo vermelho que aparece quando um feixe de luz ilumina o olho do bebê. A reação significa que a criança não apresenta nenhum obstáculo ao desenvolvimento da sua visão.

Quando o pequeno já estiver em casa, o acompanhamento deve ser feito por meio de consultas anuais com um oftalmologista. “A visão do bebê está em desenvolvimento e demora para chegar ao mesmo nível do adulto”, diz a oftalmologista pediátrica Ana Tereza Moreira, professora de oftalmologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Por isso, problemas podem aparecer ao longo do crescimento.

A seguir, confira as doenças mais sérias e aquelas que são mais comuns nos primeiros anos de vida.

Estrabismo

O que é

Esse problema se caracteriza pelo desalinhamento dos olhos, que apontam direções diferentes. Isso significa que um olho pode estar direcionado em linha reta, enquanto o outro está desviado para dentro, para fora, para cima ou para baixo. “No Brasil, estima-se que 4% da população tenha estrabismo”, revela Ana Tereza. Apesar de ser um problema que afeta pessoas de diversas idades, ele é bastante comum na infância.

Causas

Vários fatores estão por trás do estrabismo. Crianças que têm parentes estrábicos são mais propensas a apresentar o desvio ocular, mas o problema também pode se dar naquelas que não contam com casos na família – inclusive como forma de manifestação de doenças oftalmológicas graves, como catarata congênita e retinoblastoma, um tipo de câncer.

Sinais e sintomas

O principal sintoma do estrabismo é o desvio dos olhos.

Tratamento

A correção do estrabismo pode ser feita cirurgicamente ou a partir do uso de óculos. Em alguns casos, é necessário aplicar as duas medidas. Se não tratado, o problema pode evoluir para a ambliopia, marcada pelo não desenvolvimento da visão no olho desalinhado. “Se o olho está torto, ele não envia uma imagem boa para o cérebro, que passa a desenvolver apenas a visão do olho bom”, esclarece a professora da UFPR. Aí, a solução é usar aquele tampão, que estimula o olho que não enxerga a fazê-lo.

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Conjuntivite neonatal

O que é

É a infecção que atinge os olhos de bebês nos primeiros 30 dias de vida.

Causas

A conjuntivite neonatal pode se dar tanto por causas infecciosas quanto pela exposição a substâncias irritantes, a exemplo de sabões, cosméticos, fumaça de cigarro e até poluição. Drogas como antivirais e mióticos também podem desencadear o problema. Outra causa desse tipo de conjuntivite é a reação ao colírio de nitrato de prata 1%, aplicado ainda na maternidade.

Sinais e sintomas

Se a conjuntivite for provocada por substâncias químicas (drogas, colírios ou irritantes), as principais manifestações são olho vermelho e discreto inchaço na pálpebra. Quando as causas são agentes infecciosos, há a produção de uma secreção com pus.

Tratamento

A terapia vai depender da causa da conjuntivite. No caso de infecções, são prescritos antibióticos. Se a contaminação for química, a recomendação imediata é suspender o agente causador. O uso de soluções salinas, compressas, lágrimas artificiais ou vasoconstritores devem ser indicados por um médico.

Retinopatia da prematuridade

O que é

“É o mau desenvolvimento dos vasos da retina devido à prematuridade”, conta Paulo Schor, da Unifesp. Essa doença grave – que pode levar ao deslocamento da retina – costuma afetar bebês que nasceram antes de 31 semanas de gestação e, por isso, precisam ficar na UTI neonatal por longos períodos.

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Causas

Esse problema é causado, na maioria das vezes, devido à intensa exposição dos bebês prematuros que estão em UTIs neonatais ao oxigênio – que bloqueia o desenvolvimento dos vasos da retina. Quando esses pacientes não precisam mais desse recurso, a retinopatia pode dar as caras. “A retina manda sinais para o cérebro de que está faltando oxigênio nos poucos vasos que existem ali. Com isso, começam a se formar novos vasos, que são muito frágeis e podem sangrar, culminando no deslocamento de retina e no maior risco de cegueira”, informa Ana Tereza Moreira.

Sinais e sintomas

Não dá para esperar até que a retinopatia da prematuridade apresente sintomas. Por isso, identificar a doença de forma precoce é fundamental. O diagnóstico é realizado pelo exame de fundo de olho, que vistoria detalhadamente a retina do bebê. Geralmente, o procedimento é feito a partir da quarta semana de vida do pequeno na UTI neonatal.

Tratamento

Muitas vezes, a vascularização da retina se normaliza sem a necessidade de qualquer procedimento. Mas, não raro, é preciso intervir. O tratamento pode ser feito com laser – que bloqueia a produção dos novos vasos – ou, nos casos mais graves, com a vitrectomia, cirurgia na qual se remove o vítreo, fluido que preenche o interior do olho.

Lacrimejamento

O que é

Esse problema – que se manifesta em 5% dos bebês – se caracteriza pelo lacrimejar sem um fator emocional.

Causas

A mais comum é a obstrução total ou parcial das vias lacrimais – o que impede a perfeita drenagem da lágrima pelo canal lacrimal.

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Sinais e sintomas

Lacrimejamento frequente e, algumas vezes, pode haver uma conjuntivite associada.

Tratamento

Principalmente massagens. “Em alguns casos, é necessário fazer a sondagem do canal lacrimal no centro cirúrgico”, diz a docente da UFPR.

Catarata congênita

O que é

Ela se caracteriza pela perda da transparência da lente do olho, o cristalino, que se torna opaco. Estima-se que a catarata congênita atinja 0,4% das crianças – e sabe-se que ela é responsável por cerca de 10% das cegueiras na infância.

Causas

Aqui, a herança genética também pode contar. Mas não só ela: infecções intrauterinas e doenças como rubéola, toxoplasmose e sífilis também podem desencadear a doença.

Sinais e sintomas

O principal sintoma da catarata é uma mancha esbranquiçada na pupila. “Ao bater uma foto com flash, por exemplo, dá para ver uma alteração no olho do bebê”, exemplifica Ana Tereza.

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Tratamento

Em muitos casos, é necessário fazer uma cirurgia – que deve ser realizada até os 3 meses de vida para garantir que essa criança tenha, lá na frente, uma visão normal. “Ela também vai precisar fazer um tratamento até os 7, 9 anos de idade”, avisa oftalmologista pediátrica. Segundo a especialista, a terapia inclui o uso de óculos, lentes de contato ou tampão.

Alergia ocular

O que é

Reação alérgica que acontece nos olhos, principalmente no inverno e na primavera.

Causas

Diversos fatores podem contribuir para a alergia ocular. “Entre os mais comuns estão pólen, ácaro e pelo de animais”, enumera Ana Tereza Moreira.

Sinais e sintomas

Coceira, secreção esbranquiçada, sensibilidade à luz, olho vermelho e inchaço nas pálpebras.

Tratamento

O tratamento varia de acordo com a intensidade dos sintomas e a gravidade do quadro. Em geral, ele é feito com colírios antialérgicos e de corticosteroides ou com imunossupressores. Compressas frias podem aliviar o incômodo durante as crises.

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Retinoblastoma

O que é

Um tipo de câncer que atinge a retina. “É o tumor intraocular mais comum em crianças”, alerta a professora da UFPR. “A faixa etária em que ocorrem mais diagnósticos de retinoblastoma é entre 0 e 4 anos”, informa a médica.

Causas

Sabe-se que uma das causas desse tumor é a herança genética. “Nesses casos, existe uma alteração numa célula da retina, que é germinativa, ou seja, vai ser transmissível aos seus descendentes”, ensina Ana Tereza. Moreira. No entanto, pode ser que não haja casos na família – e aí, não se sabe ao certo o que leva ao desenvolvimento da doença.

Sinais e sintomas

O retinoblastoma pode ser reconhecido por um reflexo branco (ou “reflexo do olho de gato”) que aparece em fotografias. Há casos ainda em que a criança desenvolve estrabismo por conta do tumor ou mesmo começa a perder a visão.

Tratamento

“Se o tumor for pequeno, é possível tratar com laser e quimioterapia”, relata Ana Tereza. Em casos mais graves, pode ser necessário retirar o globo ocular.

Glaucoma congênito

O que é

O glaucoma se caracteriza pelo aumento da pressão intraocular. Isso pode acontecer ainda no útero e também ao longo do desenvolvimento da criança. “Essa doença é responsável por 20% das cegueiras em crianças”, afirma Ana Tereza Moreira.

Causas

O histórico familiar também pode contar para o aparecimento do glaucoma congênito. O problema ocorre quando há uma má-formação nas estruturas responsáveis por drenar o humor aquoso, líquido que preenche a parte frontal do globo ocular.

Sinais e sintomas

“O olho do bebê com glaucoma é maior que o normal, às vezes tão grande que é conhecido como buftalmia, por ser semelhante ao olho de boi”, diz a professora da UFPR. Além disso, essas crianças podem ser mais sensíveis à luz e apresentar lacrimejamento.

Tratamento

A solução para o glaucoma é a cirurgia. “No procedimento cirúrgico, abre-se uma passagem para o humor aquoso, criando uma via de drenagem que dá escape ao líquido”, explica Ana Tereza. Muitas vezes, o uso de óculos após a operação é necessário.

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