Vacinação contra a Covid-19 em países da Europa exclui imunização infantil
Conforme esperado, crianças e adolescentes devem ser os últimos da fila (ou nem receberem a vacina) quando o assunto é o plano de imunização contra a Covid.
A vacina contra o coronavírus é finalmente é uma realidade, ainda que a imunização esteja em seus primeiros passos pelo mundo. O que podemos perceber como um padrão nos países que já iniciaram o programa este ano é que, nesta primeira fase, apenas os grupos de risco serão vacinados. Podemos esperar então, que crianças não farão parte desta etapa inicial.
Primeira nação do mundo a começar a usar a vacina contra a Covid-19 produzida pela americana Pfizer em parceria com a BioNTech, o Reino Unido deu início à sua campanha de vacinação em massa na última terça-feira (8).
Por lá, a vacinação não será obrigatória, e pretende imunizar a parte mais vulnerável e desprotegida da população neste primeiro momento, que se inicia com residentes e funcionários de casas de repouso, profissionais da área da saúde e idosos com mais de 80 anos. A ordem de prioridade vai seguir de forma regressiva, até chegar aos maiores de 50 anos e, assim, sucessivamente. A população mais jovem deve ser uma das últimas a receber a vacina, que até o ano que vem não deverá imunizar crianças e adolescentes, os menos afetados pelo coronavírus.
De acordo com informações divulgadas pela agência de notícias RFI, a Alemanha, que também irá usar a vacina desenvolvida pela Pfizer, já começou a preparar centros de vacinação pelo país, cuja imunização deve ter início na segunda quinzena de dezembro ou, no máximo, em janeiro de 2021. O governo alemão, de início, pretende imunizar idosos e a população de risco, por meio de 20 mil aplicações de doses diárias. Até o momento, nada foi informado sobre a vacinação de crianças e adolescentes.
Seguindo os passos do Reino Unido e da Alemanha, a Itália também divulgou que vai começar a vacinar a população logo no começo do ano que vem. Roberto Speranza, ministro da Saúde do país, disse que a campanha, no começo igualmente voltada para os mais vulneráveis à Covid, deve se iniciar ainda em janeiro.
Detalhes sobre a distribuição da vacina ainda não foram divulgados e dependem do aval da União Europeia sobre os imunizantes – o bloco tem acordo com AstraZeneca/Oxford, Sanofi/GSK, Johnson & Johnson, Pfizer/BioNTech, CureVac e Moderna. Mais uma vez, crianças e adolescentes devem ficar de fora do plano.
No último dia 3, o governo de Portugal também anunciou seu plano de vacinação, previsto para começar em janeiro de 2021. De acordo com a ministra da Saúde do país, Marta Temido, crianças e gestantes estão ausentes da primeira fase da imunização.
Gratuita e facultativa, a campanha portuguesa será dividida em três fases, a começar pelos profissionais da área de saúde e grupos de risco da Covid, como idosos, pessoas a partir dos 50 anos que sofrem de patologias e trabalhadores essenciais à população. Depois disso, serão vacinadas pessoas de, no mínimo, 65 anos, tendo ou não doenças prévias, bem como aqueles com mais de 50 anos que sofrem de diabetes, neoplasia maligna ativa, insuficiência hepática, insuficiência renal, obesidade e hipertensão arterial. A terceira fase pretende vacinar o restante da população.
Finlândia e Bélgica também querem começar a imunização ainda este ano, enquanto Espanha e França devem dar início à campanha em janeiro.
A Rússia, que iniciou seu programa de vacinação em massa contra o coronavírus no último sábado (5), vai começar a utilizar o imunizante Sputnik (ainda sem a conclusão completa de estudos clínicos) em professores, profissionais de saúde e assistentes sociais, que a priori serão vacinados em cerca de 70 centros localizados em Moscou. A questão na Rússia é que não há muita transparência nas informações sobre a quantidade de pessoas que já receberam a vacina, bem como quais serão os próximos da fila – já foi noticiado, porém, que gestantes e crianças estão fora desta fase, como vem acontecendo ao redor do mundo.
Além da Europa
A China, que tem parceria com o Brasil para o desenvolvimento da CoronaVac, ainda não divulgou datas ou dados específicos sobre uma campanha de vacinação, mas sabe-se que existem pelo menos cinco vacinas em produção no país. Além disso, algumas delas já vêm sendo aplicadas em grande parte da população, a título de teste, e outras foram aprovadas para uso emergencial em indivíduos extremamente vulneráveis à Covid-19. Nada foi informado sobre crianças e adolescentes, ainda que testes clínicos da CoronaVac nesta faixa etária tenham sido iniciados há pouco tempo em território chinês.
Os Estados Unidos aguardam aprovação das vacinas em desenvolvimento no país pela FDA, agência reguladora americana, e ainda não divulgaram definições sobre uma campanha de vacinação. Segundo a rede de notícias CNN, autorizações devem ser discutidas ainda nesta semana. Recentemente a farmacêutica Moderna, uma das empresas americanas que estão produzindo vacinas, anunciou que começará os testes em crianças na faixa dos 12 aos 17 anos.
Já o Brasil…
O cronograma inicial de vacinação divulgado pelo Ministério da Saúde na primeira semana de dezembro prevê quatro etapas de aplicações em doses duplas para brasileiros, começando por profissionais da saúde, idosos com mais de 75 anos ou mais de 60 residentes em casas de repouso, bem como indígenas em todo o país.
Depois, serão vacinadas pessoas entre 60 e 74 anos, aqueles que possuem comorbidades como doenças cardiovasculares e renais crônicas e, finalmente, professores, seguranças, trabalhadores do sistema prisional e aqueles que estão privados de liberdade.
Conforme apuramos aqui, crianças e adolescentes – grupos menos expostos à Covid, que transmitem menos a doença e com as menores taxas de internações – devem ficar de fora da imunização no Brasil.
O governador de São Paulo, João Doria, também divulgou o plano estadual de vacinação da CoronaVac, produzida em parceira com o Instituto Butantan, na segunda (7). Prevista para ser iniciada em 25 de janeiro de 2021, a vacinação será gratuita e necessitará de duas aplicações: os primeiros da fila são profissionais de saúde, indígenas e quilombolas, seguidos por pessoas de 75 anos ou mais, faixas etárias entre 70 a 74 anos, entre 65 e 69 anos e, por fim, entre 60 e 64 anos.
As outras fases de vacinação ainda serão anunciadas, mas tanto em São Paulo quanto no restante do Brasil é preciso que a Anvisa aprove e cadastre as vacinas em território nacional para que o plano seja colocado em prática, o que ainda não aconteceu.