Vacinação é, ainda hoje, a única forma eficaz de combater a poliomielite
Live de BEBÊ com Hospital Nipo-Brasileiro reforça a importância da imunização para proteger as crianças da paralisia infantil. Entenda o que muda em 2024
Aconteceu na última segunda-feira, 23, uma live no Instagram de BEBÊ (@sitebebe) e do Hospital Nipo-Brasileiro em razão do Dia Mundial de Combate à Poliomielite, celebrado em 24 de outubro. A conversa teve como objetivo lembrar a importância da vacinação e comentar o que há de novo em relação a essa doença, que pode trazer consequências gravíssimas.
Participaram do papo o médico infectologista da instituição, dr. Arnaldo Toyokazu Tanaka, e Juliana Costa, editora-chefe do site. Na apresentação, a jornalista lembrou que, no Brasil, não há casos de poliomielite desde 1989 – mas o risco de que ela retorne existe, daí a importância de reforçar a necessidade de vacinação.
“O fato de não termos lembranças dessa doença faz com que os pais não queiram vacinar seus filhos”, afirmou Tanaka, citando ainda a presença de movimentos antivacina, que desencorajam a imunização da população, levando aos números baixos das últimas campanhas. “Em 2022, o percentual de vacinação contra a pólio foi de 72%, quando a meta seria de 90% a 95% para crianças de até cinco anos”, lembrou Juliana, citando dados do Ministério da Saúde.
Transmissão e consequências da pólio
Arnaldo Tanaka explicou que a poliomielite é causada por um vírus de transmissão oral-fecal, “ou seja, por água e alimentos contaminados por fezes [que carregam o vírus]”.
Já suas manifestações no organismo variam. Segundo o infectologista, a grande maioria das pessoas são completamente assintomáticas, enquanto por volta de 20% têm sintomas leves. A questão, diz o médico, é que mesmo aqueles que não apresentam sintomas também transmitem o vírus, que pode se desenvolver de forma gravíssima em uma minoria “Apenas de 0,5% a 1,5% dos infectados vão ter a paralisia flácida-aguda, que é a chamada ‘paralisia infantil'”, afirma. Porém, boa parte dessas pessoas vão ter sequelas.
Vale lembrar que o termo “paralisia infantil” ficou conhecido pelo fato de a doença ser mais comum e se desenvolver nessa forma mais grave em crianças. Acontece uma paralisia aguda que atinge principalmente os músculos inferiores, podendo afetar até os músculos respiratórios. Embora seja raro hoje em dia, há casos que podem evoluir a óbito.
“Não existe um medicamento que elimine o vírus do corpo”, aponta Tanaka, que acrescenta: “O tratamento é, basicamente, oferecer suporte. Primeiro, trata-se a parte aguda e, depois, é feita a reabilitação”. É por isso que a imunização é tão importante. “Esse é o único meio eficaz de proteção contra a poliomielite”, alerta o profissional do Hospital Nipo-Brasileiro.
Mudança no esquema vacinal
Até este ano, o programa de imunização contra a pólio conta com três doses injetáveis (aos dois, quatro e seis meses de vida), com o vírus inativado, e mais duas de reforço em forma de gotinha (aos 15 meses e 4 anos), com vírus atenuado. A partir de 2024, o Governo Federal fará uma mudança gradual, e a versão oral da vacina deixará de ser utilizada. Assim, aos 15 meses o reforço será feito de forma injetável, com vírus inativado, e será o último do esquema vacinal – a dose tomada aos 4 anos não existirá mais.
“Ainda assim, é mais do que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda, que são apenas três doses. Isso é feito por segurança, para aumentar o tempo de resposta”, destaca o infectologista.
Por fim, Arnaldo Tanaka e Juliana Costa reforçam a importância do combate às fake news, levando à população informações confiáveis e com fundamentação científica. “O movimento antivacinas se apoia em um estudo intencionalmente mal feito, que foi, inclusive, retirado da literatura médica. Ele ainda é compartilhado nas redes sociais, mas não é verdadeiro. Nossa função é explicar que a vacinação é importante, que evita sequelas e mortes, e que não protege só seus filhos, mas todas as outras crianças”, alerta o médico, que finaliza: “Com a vacinação, muita gente foi salva”.