Variante Delta: casos de contaminação de crianças aumenta 30% nos EUA
Nos Estados Unidos, Moderna e Pfizer já incluíram bebês a partir de seis meses nos estudos clínicos de suas vacinas e analisam os resultados.
Ainda que menos suscetíveis à covid-19, crianças e adolescentes menores de 18 anos têm representado uma parcela significativa de infectados nos Estados Unidos. De acordo com relatórios da Academia Americana de Pediatria, na última semana de julho, 72 mil integrantes dos públicos infantil e jovem testaram positivo para a doença. Já na primeira semana de agosto, este número saltou para 94 mil contaminados, correspondendo a um aumento de 30% dos casos infantis e representando 15% dos novos casos vistos em toda população norte-americana.
O crescimento da doença pandêmica entre os menores tende a estar relacionada principalmente com a variante Delta, que tornou-se a maior preocupação dos Estados Unidos. De acordo com levantamentos realizados até o momento, a relação entre a cepa – que surgiu na Índia e espalhou-se com facilidade no território estadunidense – e a faixa etária infantil ocorre por conta da ausência de vacinação para este grupo.
Isso significa que, ainda que a imunização dos adultos crie uma proteção indireta para crianças e adolescentes, a variante possui alta capacidade de transmissibilidade. E isso, infelizmente, cria um efeito dominó: os jovens acabam mais expostos, uma vez que a população adulta contrai a doença em sua forma mais branda (ou fique assintomática) e relaxe os protocolos de cuidados essenciais contra o coronavírus. Com mais crianças e adolescentes infectados, naturalmente aumentam as chances de hospitalização entre este grupo e nos casos mais graves, de mortes.
A vacina para as crianças vem!
Desta maneira, diferentes fabricantes têm trabalhado para incluir mais rapidamente o público infantil nos estudos clínicos das vacinas. Um exemplo disso é uma pesquisada recente da Moderna, registrada no ClinicalTrials.gov, de fases dois e três, buscando comprovar a eficácia e segurança do imunizante em bebês a partir de seis meses e crianças menores de 12 anos. Estima-se que o levantamento tenha mais de 13 mil participantes.
Até o momento, a vacina é liberada nos Estados Unidos para pessoas acima de 18 anos e, de acordo com o último relatório, pesquisadores descobriram que ela é 93% eficiente contra o agravamento da doença. Mas reiteraram que a variante Delta ainda é um desafio presente no país.
O mesmo caminho de estudo tem sido trilhado pela BioNTech, responsável pela produção da Pfizer, mas com um recorte menor de crianças envolvidas. Segundo dados divulgados até o momento, 4.600 integrantes do público infantil estão participando da análise, sendo divididos em três intervalos de faixa etária diferentes: de seis meses a dois anos; de dois a cinco anos; e de cinco a 11 anos.
O esperado é que, até setembro, a farmacêutica apresente os resultados e, caso sejam positivos, peçam a liberação do imunizante para a segunda faixa etária para a Food and Drug Administration, nos Estados Unidos (instituição correspondente a Anvisa, no Brasil). Já para os mais novos, os resultados tendem a vir mais tarde e, consequentemente, o pedido de expansão do cronograma vacinal também. Nos Estados Unidos, a Pfizer já é liberada para crianças a partir de 12 anos.
Já no Brasil…
Um sopro de esperança também tem se feito presente em território brasileiro, com o calendário vacinal avançando e aqueles que têm 12 anos também fazendo parte dos que serão imunizados contra a covid-19. Por aqui, a busca é em relação a CoronaVac/Butantan.
Recentemente, o Ministério da Saúde anunciou que o centro científico brasileiro pediu pela liberação do imunizante para crianças a partir de três anos. A solicitação foi respaldada em um levantamento chinês em que 96% dos pequenos que receberam duas doses da vacina desenvolveram imunidade contra o coronavírus. Até o momento, não se tem uma resposta do pedido do Butantan.