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Mamalgesia: o que é e como colocar a técnica em prática

Recomendada pela OMS, entenda o que é a chamada ‘mamalgesia’, uma maneira de acalmar a criança no momento da vacinação através da amamentação.

Por Ketlyn Araujo
9 dez 2021, 13h41
 (burakkarademir/Getty Images)
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Importante desde os primeiros meses de vida, a imunização infantil está em pauta por conta da queda da cobertura vacinal em tempos pandêmicos, além da iminência da aplicação da dose contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos de idade

Mas além do coronavírus e da carteirinha de imunização completa, outro tema dentro do universo da vacinação infantil voltou a ser discutido. Muitas mães têm dialogado, dentro e fora da internet, sobre a chamada ‘mamalgesia’ que, em suma, é o ato de amamentar o filho no momento em que a vacina é dada.

A prática, indicada como benéfica pelos especialistas, pode servir como alternativa para distrair o bebê da dor da aaplicação e, em crianças maiores com amamentação prolongada, trabalhar o medo das agulhas.

Não faz a dor desaparecer, mas ameniza o desconforto

Patrícia Terrível, pediatra, neonatologista e membro do departamento de aleitamento materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo, conta que há diversos estudos comprovativos de que a mamalgesia é positiva para o bebê. Além de reforçar o vínculo entre mãe e filho, o ato proporciona mais tranquilidade à criança na hora de ela ser vacinada, pois ao fazer a sucção do peito ela se sente naturalmente mais segura.

“A sensação de conforto e segurança que acontece no momento da amamentação tende a deixar a criança mais calma, mas é importante dizer que isso não garante que ela não vá ter algum desconforto na hora da aplicação da vacina, mas sim que há chances desse desconforto ser diminuído”, explica.

A médica explica ainda, que a mamalgesia proporciona diminuição da sensação de dor da vacina, pois libera hormônios como ocitocina e endorfina, que proporcionam prazer para a criança e, com isso, ela deixa de associar o momento a algo que causa apenas dor. 

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“Esse procedimento é indicado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), e pode ser aplicado não só na hora da vacina, mas também na coleta do teste do pezinho e de demais exames. Apesar das crianças pequenas não terem medo consciente de agulha, a mamalgesia traz a segurança de estar no colo da mãe”, reforça ela.

Patrícia, no entanto, orienta para que, sempre que o filho precisar passar pela vacinação ou demais procedimentos que possam lhe causar qualquer tipo de desconforto, o ideal é contar sobre o que, de fato, vai acontecer – dentro do entendimento e maturidade da criança.

Existe alguma contraindicação?

Segundo Patrícia, não existem contraindicações e, de acordo com a médica, apesar de alguns postos de saúde ainda estarem desatualizados com relação à técnica, a mulher que amamenta pode sim realizar a mamalgesia sempre que desejar.

“Alguns profissionais não permitem por acreditarem que a criança pode broncoaspirar, mas não existe nenhum estudo ou caso que comprove isso”, diz a pediatra.

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A psicóloga infantil Isa Vaal aponta que a amamentação é um momento bastante especial, de conexão entre mãe e filho, trazendo à criança sensações de acolhimento e segurança. Ela diz, porém, que mesmo a mamalgesia sendo uma prática recomendada pela OMS e pelo Ministério da Saúde, ela não deve ser tratada como regra, mas como opção. 

“A prática é recomendada como medida não-farmacológica para o manejo da dor, mas antes de tudo é preciso respeitar a individualidade de cada caso. É necessário que a mãe se sinta confortável e decida se amamentar enquanto vacina a criança faz sentido para ela e para o bebê”, sugere a psicóloga, reforçando que a rotina de amamentação seja respeitada para que a situação não fuja do controle, levando a momentos de estresse desnecessário.

Mamalgesia na prática: saiba como aplicar

bebê mamando
(Jonathan Borba/Pexels)

Para que a técnica funcione sem maiores problemas, Patrícia recomenda o seguinte passo a passo:

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  • Segure firme o bebê;
  • Verifique se ele está bem próximo do seu corpo, em contato pele a pele, e sugando efetivamente;
  • Para que tenha maior efeito, a amamentação deve ser iniciada entre 2 a 5 minutos antes da aplicação da injeção;
  • Continue amamentando enquanto a injeção é aplicada.
  • Mantenha o bebê no seio da mãe por mais alguns minutos após a imunização, até que ele fique totalmente tranquilo.

Caso a criança vá tomar vacinas orais e injetáveis na mesma visita ao posto de saúde, o Ministério da Saúde indica administrar primeiro a “gotinha” e depois a injeção.

E se o posto de saúde for contra a mamalgesia?

Caso o posto de saúde, por algum motivo, se recuse a aceitar que a mãe pratique a amamentação na hora de imunizar o pequeno, a recomendação de Patrícia é de que essa mulher se posicione para exigir seus direitos, ainda mais se ela estiver a par sobre a importância e indicação deste método.

Porém, diz a médica, pelo fato de a mamalgesia não ser considerada lei no Brasil, o andamento da situação vai depender da conversa entre a mãe lactante e os profissionais de saúde que atuam no local. Se, mesmo após conversar a equipe não deixar que a mãe amamente durante a imunização da criança, o melhor é buscar outra unidade de saúde.

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Mais tranquilidade na hora de vacinar

Sempre respeitando os prazos de cada vacina, Isa sugere que mães de crianças que tenham medo de agulha procurem um dia no qual tanto o adulto quanto o pequeno estejam mais descansados e calmos, e recomenda que o responsável trate a situação com naturalidade.

“Não imponha medos ou use de ameaças para que a criança se tranquilize com relação à vacinação, isso não vai ajudar. Explique que a imunização é algo benéfico para ela, conte que você também já se vacinou e fale sobre a importância deste ato. A amamentação após a aplicação da vacina também pode ajudar a conter o desconforto e o estresse da criança”, recomenda Isa.

Independentemente de optarem pela mamalgesia, pais e mães nunca devem deixar de vacinar seus filhos, pois a prevenção e o senso de comunidade precisam ser prioridade. “É um ato de autocuidado e amor que devemos ensinar aos nossos pequenos desde cedo. Se informem, estejam atentos, conversem com um pediatra de sua confiança e mantenham em dia a carteirinha de vacinação dos seus filhos”, aconselha a psicóloga.

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